quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Surpresa!!! mas não tanto...

Um Domingode Setembro. Depois de uma viagem alucinante pelas ruas de Fortaleza, chegava ao Aeroporto Internacional. Alucionante por várias razões... Só nos 50 km que separam o que foi a minha casa por quase dois meses e o dito aeroporto encontrei 3 acidentes mortais, 5 manadas de vacas tresmalhadas, 8 manadas de ciclistas tresmalhados e 45 cardumes de cearenses ao volante... É mesmo alucinante!
Entrado no aeroporto a surpresa do costume. Uma fila quase interminável aguardava o check in da TAP. Contestei a ausência de disponibilidade do check in online na esperança do jeitinho de me passarem para o balcão da executiva... Nada feito. Nesta hora o meu sotaque já não me servia de nada. Havia muitos a falar estranho como eu... Decisão fácil... Vou fumar um cigarro! E outro! E outro! Voltei para o interior de aeroporto e já só havia 5 pessoas na fila. Óptimo! Aqui vou eu. Mala no tapete e.... PIPIPI! A sua mala tem 39 kg. E?, perguntei. Ahhh A sua tarifa só lhe permite 23kg. Ups! Conversa aqui, conversa ali, último no balcão do check in, vôo a atrasar-se por minha causa, a minha rede... ok, vou deixar passar! Não quero é que fique sem a sua rede! Espectáculo!
Sete horas e meia depois estava a aterrar no Aeroporto Internacional da Portela! Mais umas horas e estava a recolher o meu carro destas semanas. Mais umas horas e estava a jantar com o meu pai. Mais umas horas e estava a caminho de San Sebastian.
800 km depois de passar o Estádio do Glorioso (granda Benfas, hein?!?) uma placa anunciava num idioma completamente imperceptível a entrada numa das comunidades de Espanha. Travei! Fui obrigado a travar! Quem me conhece sabe que não sou muito de travar. os travões comigo duram mais do que o carro. O espada que o diga... Mas travei porquê? Não, não havia um acidente. Não, não estava um mata-velhos na faixa da esquerda. Não, não vinha nenhum velhinho em sentido contrário depois de ter entrado em Torres Novas. Não, não apareceu nenhuma manada de vacas trasmalhadas no meio da estrada. Não, não vi uma bela mulata com um peito escultural só para depois me aperceber que era um mulato (houve dias muito bizarros na terra do Forró!!!). Não. Não era nada disso. Tudo o que possam imaginar... não era! Era uma surpresa que me tinham reservado. A mim. Sim, a mim!E creio, só a mim! Em pleno Setembro. Acabadinho de chegar dos trópicos. De calcões e camisa de manga curta. Já começam a ver o que me fez travar, né? Não! Não estão a ver! Porque estão em Portugal! Onde isto não acontece aos dias de hoje!!!
Foi a minha mensagem de boas vindas. A mim, que me esqueci de casacos e impermeáveis em Lisboa. A mim, que a peça de roupa mais quente que trouxe foi um pijama de flanela que uso para limpar o monitor do portátil! A mim! Porquê a mim!??!?!?
Pois é... Era o País Basco a dizer-me na sua forma muito sua: Benvindo! Então porque travei?
Chovia...

With love from Euskadia,
Marco

domingo, 6 de setembro de 2009

Acordo!? Só se for de facto um acto de paz literária!

Preparem-se os leitores, utilizem-se os óculos de ver de perto, evitem-se posições ergonomicamente incorrectas; este post promete ser longo...
Sábado no Cumbuco. Quatro da manhã. A noite no Cumbuco acaba hoje mais cedo que o normal. Sem explicar o porquê, hoje foi uma noite diferente. Uma noite mais à minha imagem. Uma noite de copos e, a partir de certa hora, tertúlia. Tudo seria mais simples se tivesse levado o meu caderno. Tudo seria mais simples se não tivesse bebido o que bebi. Tudo seria mais simples se fosse uma noite como as outras. Mas não foi...
Sozinho, fui jantar ao Gaúcho... Sem exagero, a descrição que me tinham feito não peca por escassa: "A melhor carne que já comi!!" Seja feita homenagem ao homem e ao seu talho... Porra! A carne é mesmo boa!
Não é porém do Gaúcho que venho escrever...
O ano passado, em Lisboa, grande e querida amiga ofereceu-me convite para Seu Jorge. No camarote da TSF vi e vibrei. Não haja dúvidas... Sou fã! Prova seja a foto recordando o momento que, num estado não menos alterado que o de hoje, em Fortaleza, corri para ele pedindo a foto que a Mak fez o favor de tirar (... Mak... recordem por favor...). Gosto de Seu Jorge. Gosto de Ana Carolina (mas gosto mesmo...). Gosto de Martinho da Vila e de tantos clássicos da geração do Tom que encheram o mundo de músicas e ritmos inigualaveis. Ritmos brasileiros. Ritmos de samba, de choro e de tantos outros estilos que apenas deles são. A verdade é essa. Não há no mundo estilo como o brasileiro. Seja ele de música, de teatro, de cinema ou mesmo de vida. Eles são eles. Próprios e individuais. Ninguém no mundo põe isso em causa. o Brasil é o Brasil. Único e especial
De volta ao Coliseu de Lisboa esse meu admirado cantava as suas versões de David Bowie. Adoro. Sincero. Acho que gosto mais do que das versões originais... Entre uma e outra decidiu mudar. Se a memória não me falha decidiu cantar a Hagua, do Samba Esporte Fino. Antes de saber que música vinha aí, ouvi eu, e mais os outros todos, o discurso que tinha para nos fazer. Entre lugares comuns normais numa situação como a que era, decide defender os Índios. A mim pareceu-me bem. Coitados dos Índios... todos lhes dão porrada e não têm como se defender... Haja alguém que fale por eles... Mas de repente surgiou... E os portugueses "isto e aquilo"... Alto e pára o baile. Apupo geral no Coliseu. Seu jorge, de quem eu sou fã, Carioca, dizendo que os Portugueses foram um "mau negócio" para o Brasil... Bateu-me mas passou-me... Era para o choque, preferi acreditar... Agora em Fortaleza não tive nem tempo nem engenho para o questionar sobre o assunto... Enfim, dificilmente me iria surpreender ou mostrar a luz...
Hoje foi sábado. Vi o Brasil ganhar à Argentina pela cabeça do Luisão. Pelo menos no primeiro golo... Comi uma alcatra de vaca brasileira (cruzamento de limusine [será assim??] e buffalo africano), bebi cerveja e acabei a noite em dois bares. Um de um francês e um de um holandês. No final mesmo no do holandês. Sentado no balcão à espera de acabar a Antártica que tinha pedido foi com surpresa que recebi a pergunta "Paulista? Tem cara de Paulista!" Respondi com naturalidade... Português. E tu? Claudiana, brasileira, trabalha na Holanda e está no Cumbuco de férias. Falámos. Disto, daquilo, de Portugal, da Holanda e, claro, do Brasil. A classe política do Brasil e a inércia do povo em lhes dar um tiro nos cornos a todos... Sem excepção! Se estamos convencidos que os nossos são maus... é porque não sabemos o que se passa deste lado... Pergunta a um deputado federal: "Que acha do ministro da apicultura?" resposta: "Está a fazer um óptimo trabalho. Eu sou grande amigo, mas de momento não de lembro do nome dele..." Como me parece óbvio... MINISTRO D APICULTURA!?!??! Está tudo louco?!?! É claro que tal não existe. Poderão ter pensado: "Porra... Têm um ministro para as abelhas? Deve ser bom negócio..." e com todo o direito... Mas ninguém que vá ler isto é deputado federal no Brasil... Pois.. Não existe tal ministério, mas muitos deputados estavam convencidos que sim... (pausa para dormir... a ver se amanhã consigo cumprir...

To be continued....

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Caipiroska e uma cabana, porque não?

Alain. Francês com qualquer coisa entre 55 e 65 anos, Físico, ex-funcionário de uma central nuclear algures em França. Inventor. Um dia inventou um qualquer polímero (e esta, hein?) para fazer qualquer coisa numa qualquer parte de uma qualquer central nuclear. Não sei se vendeu ou se tentou. Não sei porquê, mas um dia fartou-se e de malas feitas disparou para o Brasil. Talvez de férias como tantos outros encontrou aqui aquilo que lhe parecia trazer a prometida felicidade. Fixou-se em Fortaleza. Abriu um restaurante. 13 anos depois vendeu o restaurante. Junto com seu filho abriu o Café Creme na praia do Cumbuco.
Personagem castiça tem um riso curioso. Uma mistura entre Mr Muttley com qualquer outro riso rítmico. Contagia. Bem disposto, sorridente, talvez tenha mesmo encontrado a tal Felicidade aqui mesmo, na praia do Cumbuco.
Eu sei o que é que encontrei. Uma Caipiroska na esplanada dele enquanto espero a hora de jantar e escrevo estas linhas. É o primeiro post Open Air! Mais, é o primeiro post a caneta. É o primeiro post que é transcrito para o Blog e não escrito. É o primeiro post escrito no Nordeste. É o primeiro post que escrevo enquanto bebo uma Caipiroska, no Cumbuco, na esplanada do Alain, neste dia 7 de Agosto! Brindo a isso! (Levantei o copo, gritei À minha! e bebi! palavra... Há neste momento uma série de pessoas a olharem para mim com estranheza... Aliás está ali uma gringa, como eu, loirinha e com tez morena, ares do Kite... que respondeu... ergueu o copo dela e bebeu... volto já...) Afinal é morena, chama-se Raimunda e vive no Cumbuco... Raios parta o Vodka!! Mas vá... Boa gente, esta que vive no Cumbuco! Adiante...
A esplanada do Alain, como tantas outras no Cumbuco, é mesmo sobre a praia. E que praia... Hoje, depois do jogo do Benfas (granda Benfas!!) contei algumas 50 asas (ou pipas) de Kite Surf nos céus!
Amanhã começo o meu cuso de Kite. É um risco que vou correr! Esses e tantos outros! Mas em Roma sê Romano e o Brasil é isso mesmo! Um país de riscos!
E há mesmo alguns, é certo, mas aqui no Cumbuco, o único risco que corro é mesmo tropeçar a caminho do "flat" e bater com a testa num côco! Sim, côco, sem piadinhas de acentuação, ok!?
tudo isto para dizer que com duas semanas de Cumbuco já compreendo o que o Alain, o Miguel, a Tina, o Hans ou tantos outros viram nesta terra que os fez ficar por cá.
Não existe amor e uma cabana. Nem para mim, nem para eles. Há oportunidades de negócio que encontram aqui, e lhes permite uma vida diferente da que levavam. Muito diferente. "Folgada" Aliás... A parte do amor, aqui, só se a trouxer de casa... Mas cabanas, essas, são muitas e simpáticas.
Pode não haver amor e uma cabana, mas aqui, no Cumbuco, Caipiroska e uma cabana assenta que nem uma luva!

With love from Cumbuco,
Marco

PS. Este post tem mais de 2 semanas de existência. Estava guardado na gaveta do escritório... mas duas semanas depois mantém-se intacto. Apenas duas diferença. A caipiroska faz-me azia, descobri o Mojito de morango (!!!) e o Kite não é um risco... É uma loucura!!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Se fosse mais perto ia lá mais vezes!

Uma vez fui ao Brasil... Não tem nada a ver... mas fui! E lá, só há autoestradas em São Paulo e no Rio. E ninguém percebe porquê. Resignados dizem... é o terceiro mundo, sabes!
Onze dias depois voltava ao calor da minha Lisboa.
De volta, estive duas semanas entre trabalho de escritório e a viver essa cidade que me encanta onde tudo está perto e tudo me vem parar às mãos. Sem esforço, sem tropelias. Apenas com algum trânsito, ou alguns minutos de metro.
Ao final da segunda semana recebi ordem de marcha e zás!
Para Málaga num pulinho, 700 kms de auto-estrada entre Portugal e Espanha e já lá estava. 500 deles em Espanha. 200 numa auto-estrada que liga Leon a Sevilla. Vazia como sempre. Isso é que eu gosto daquela estrada!
Quinta para voltar Sexta, para voltar Domingo!
Qual fugareiro, qual camionista, qual... qualquer profissional que passe mais tempo na estrada que a ver jogos do Glorioso (Granda Benfas!!).
Quinta passou, chegou Sexta. Decidi-me por um itinerário alternativo já que tinha tempo para reviver velhos passeios pelo país profundo. A pressa de chegar aos meus destinos e as velocidades que normalmente emprego nas minhas viagens impede-me de fazer as tão adoradas incursões em estradas onde posso encontrar as Velhas do outro ou sonhar as quintas de um dia...
Mas Sexta pude. Saí de Málaga às 1130 locais e às 1330 locais já passava pelo posto misto da não tão nova travessia do Guadiana em Castro Marim. Hummm.... Que fome! E se fosse almoçar à Vila Museu? Assim foi. Por um IC que eu nem sabia existir, o 27, lá cheguei até Alcoutim. Pelo caminho, aliás bastante rápido, uma serra algarvia onde não se vê vivalma. Aliás, um IC onde eu, Marco Rocha, ao volante de um Renaul Clio, me cruzei com um carro e ultrapassei um tractor. Deixou-me a pensar... para quê esta estrada tão boa? Para quê gastar tantos milhões de euros numa estrada que reduziu a distância entre Vila Real de Santo António, essa enorme metrópole, e Alcoutim, talvez pole... de metro não tem nada, em apenas uma hora. Será uma hora? Nem sei... Às tantas reduziu meia hora. Não acredito... terá sido mesmo uma hora. Que me diga quem conheça o que era a estrada antiga. Importa-me referir que Alcoutim foi, em tempos, um dos concelhos mais pobres da Europa. Não sei se ainda é, mas pelos quilómetros de absolutamente nada que vi, admito que sim...
Pois bem, não era esse o meu destino. Era Mértola, Vila que para mim, muito pessoalmente, tem encanto como nenhuma outra em Portugal. Bem vistas as coisas, todas têm o seu encanto, e é de cada uma, nenhuma copiou o encanto de outra, né? Ok, se o Cacém é vila esqueçam a questão de todas terem encanto! Quem diz Cacém, diz... Paio Pires, ou Fernão Ferro, ou tantas outras... agora isso não interessa nada, mas... Dá sondagem... Qual a vila menos encantadora dos arredores de Lisboa? Tinha porém um problema... a maioria são cidades! Até a Costa é cidade! Vale tudo! Enfim... Voltando a vilas com encantos...
Passando Alcoutim voltei ao verdadeiro Portugal profundo... A estrada estreitou 10 metros, passando a ter uma faixa de auto-estrada para circularem dois sentidos, um piso típico que se torna quase liso por tantos remendos que já tem, curvas e contra-curvas onde um daqueles LASO (Camiões de transporte de pás de aerogeradores) ficava encravado e claro, bermas fabulosas para... quais bermas? O calor forte apertava, a fome também e Mértola que é bom, tá quieto!
Eis que de repente lá estava! O Convento de São Francisco com a sua espécie de museu da água e galeria de arte. Estava a chegar!
Gosto mesmo daquela terra! Da ribeira de Odivelas, ao Guadiana, à torre da Cegonha, ao Castelo, aos vários edifícios públicos, ao museu da câmara e, claro, às minas de São Domingos. Mas não era dia para nada disso. Era dia para comer, apreciar aquele ar quente, silencioso, com aroma a esteva e rosmaninho (Ena pá! Rosmaninho? Não faço ideia... não deve ser... mas que cheira bem, cheira!), ouvir o silêncio e simplesmente estar. Estar enquanto comia bem. Estar enquanto apreciava. Estar enquanto pensava no que veio, vai, ou foi. Estar. É o tipo de ar que nos deixa a simplesmente estar. Até porque se me mexer por pouco que seja desidrato!
E assim foi. Recomendação do Chefe de serviço (De outra vila sem qualquer encanto... Desculpa Manuel, mas é verdade!) lá fui em busca do Brasileiro. Noutras ocasiões já tinha pensado nisso, mas o facto de um restaurante de cozinha regional Alentejana se chamar "O Brasileiro" despertava-me algumas reticências... Encontrei. Entrei na esplanada e vi a lista. Porra! Odeio quando isto me acontece! "Desculpe, não me podia servir um pouco de cada?" Devia ter perguntado... A indecisão que me inunda perante listas com tantas coisas boas é terrivel. Odeio. Acabei por me decidir por uma Açorda de Perdiz brava. Resultado? Eu, esplanada, 40 graus, duas médias fresquinhas e a melhor açorda de perdiz que já comi. A melhor seria fácil, visto que foi a primeira, mas porra! Estava mesmo boa! Sobremesa... "Tem fruta?" "Sim, laranjas e maçãs." "Melão, não tem?" "Tínhamos, sim, mas deixámos de ter... Sabe o que é? Fizémos um contracto com um senhor da Amareleja..." Calha bem, pensei... terra do Melão! "... acontece que os melões saiam de lá pela manhã e quando aqui chegavam à tardinha já estavam estragados! Desistimos!" "Mas como estragados?" "É da viagem... é longa e cheia de solavancos. A fruta não aguenta!" Comi uma laranja. Óptima. Seguramente do Algarve, aproveitando o tal 27 e mais uns 20Kms de solavancos... A laranja aguenta mais, né?
Pois bem... tudo isto para quê?
Adoro que me digam que as estradas novas e as auto-estradas são um disparate. Adoro que me digam que a A6 é uma parvoíce. Adoro ver gentinha tacanha de Lisboa que por terem nascido em berço dourado acham que podem sobre os destinos de quem teve a sorte de nascer longe da confusão. Sorte para eles, claro. Eu adoro a confusão. Mas também adoro o meu país. Todos os seus recantos à excepção das tais vilas e cidades sem encanto. Para essas, o meu Não adoro.
Mas acima de tudo adoro a gente deste país. A gente que dá a palavra aos mais idiotas que, estando convencidos que são inteligentes e mais espertos que os outros todos, só conseguem sacar gargalhadas de quem sabe o que o país é e como está.
Adoro comboios. Acho que esse é o caminho. Rápidos e lentos. Todos têm o seu espaço. Estradas estreitas e largas, boas e más. Mas tudo com conta, peso e medida. Se hoje eu demoro uma hora e pouco a chegar a Évora, é porque alguém investiu. Nós.
Os meses que levo em Espanha, e os kms que já por lá fiz, deixam-me a pensar na quantidade de barbaridades que se dizem neste país. Poderia dissecar uma a uma, mas o texto já vai longo e não quero maçar ninguém com o tema das Obras Públicas.
Em suma espero que tenham percebido o que quero passar aqui... Caso contrário uma dica...
Se O Exmo. Sr. Miguel Sousa Tavares tivesse chegado à fala com o Marquês, e se o tivesse convencido, hoje não passaria uma mota na baixa pombalina, quanto mais autocarros da Carris! Isto claro, se ele não lhe tivesse logo cortado a cabeça! Ah granda Marquês! (ironia nesta parte...)
Dê-se razão ao ministro. É um deserto. Por falta de água, por falta de gente, por falta de muita coisa. Mas estes Tuaregues merece ser tratados como o Miguel. Com metro, estradas, comida fresca, e vá... fibra óptica!
Para não ser só dizer mal, cá vai mais um dizer bem. Vejam lá se não é mesmo gira!

With love from "uma vila museu desterrada no deserto do Miguel"
Marco

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fotos de Santos

Curto e grosso...
Aqui vão meia dúzia de fotos!
Vou tentar comentar...
São poucas, mas de boa vontade.

Dizem os taxistas e até poderá ser verdade... É o maior jardim do mundo! Hummm, cá para mim não sei, mas lá comprido ele é... 8 kms, ou lá o que é! Entre a marginal e a praia, de uma ponta à outra de Santos, há este belo e bem tratado jardim!
América do Sul. Cheiro a álcool queimado é constante. Os carros andam a álcool, tás a ver? O meu hotel está ali ao fundo, o Carina flat Hotel. Gosto particularmente dos quiosques que vendem pasteis de tudo e mais alguma coisa!
O Torto. Este é mesmo torto. Não, não é ilusão da foto, paralaxe ou qualquer outro truque. O monstro de 20 (?) andares está mesmo muito torto! Porquê? Simples. O terreno é pior que mau. As fundações antigas? Sapatas. Más sapatas. Bom... más não será bem o caso, mas na verdade com argilas e areias como tenho visto aqui, fazer fundações de edifícios destes por sapatas são tiros nos pés uns atrás dos outros. Diz o levantamento dos edifícios de Santos que são 150 prédios tortos! Porra, Pizza é para meninos!
Mais América do Sul. Mais álcool. Lanchonetes. Calçada quase portuguesa. Cor. Gente porreira. MPB. Samba. Não sei bem o que é, mas seja o que fôr é sambado!
Vila rica de Santos. Boas casas. Apartamentos de 3 milhões de Reais (1 milhão de euros). Muito verde e ruas limpinhas. Outra América do Sul!
Mais Vila rica. As árvores tropicais são nativas, né?! Muito verde. Gosto!
Carreto. Já vi dois Ferrari e... bem, nem sei... muitos mas mesmo muitos destes! O IPO que não chegue ao Brasil!!!
Mais cidade de Santos. mais canteiros verdes. Mais cheiro a cachaça. Mais calçada portuguesa.
Ilha de Urubuqueçaba. Onde é que estes gajos arranjam estes nomes?!?! Uma ilha com look completamente tropical mesmo em frente a Santos. Dezenas de abutres (Urubus?) fazem aqui a sua residência.
Santos! Água do mar imprópria. Só os surfistas e meia dúzia de corajosos arriscam mergulhar nestas águas. Nunca fiando, vejo os outros mas não tento...
Primeira linha de praia de Santos. Nunca vi tanta gente na praia a fazer coisas que não praia! Jogam o que for, menos Basket... Bebem de tudo. Comem de tudo. Passam horas a andar de um lado para o outro. Ou a correr. Têm muita praia e dão-lhe uso! Parado na praia, sentado, ou a andar, são frequentes os carros da polícia a patrulhar a areia. Não vi um único local a mandar lixo para a areia. Boa malha!
Foi aqui que ele nasceu no Brasil. Fizeram homenagem!
A VW Combi e o Fiat Uno ainda se fabricam! Mais américa do Sul!
Não me digam que não vêem que o gajo está torto comó raio!!! Nos primeiros dias não olhava para outra coisa. Passava na marginal sempre com a cabeça virada para cima a ver os prédios... Impressiona!
Boa malha de fim do dia! Tenho pena de uma coisa... Não acho graça nenhuma à água de coco!!!! Raios!
A entrada para o Porto de Santos. O maior da América Latina. Porque é que a água do mar é imprópria para banhos? Isso....
Praia com coqueiros... Água de coco mesmo aqui e eu... não gosto! Grrrr...
Bonito jardim. Dá mesmo boa pinta à cidade!

Então e tu? Não apareces? Pois... fui eu quem as tirou... Desvantagem de passear sozinho num país onde me estão sempre a lembrar que assalto é coisa frequente! Eu ainda não vi nada! Nem sei do que estão falando!
E pronto... por hoje são estas! Nestes dias confesso não ter passeado muito mais que isto... Sabem o que é? Até tenho trabalhado...
Mas espero poder mostrar mais em breve. De Santos e não só. Porque acreditem. Não estou no Brasil do Turista ou do Gringo, e deste, deste Brasil de cor, música, e vá... de alguma classe média, eu até estou a gostar!

With love from Carina Flat Hotel,
Marco

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cheirinho a Santos!

Saído da obra, passeio com os colegas até à lanchonete para umas Original e uns pasteis (bons pasteis e melhores originais, hein!?). Por onde fomos? Beleza... Pela praia mesmo!
Santos é conhecida pelo seu clube (Leo, Leo, Leo) e claro, pela enorme quantidade de prédios completamente tortos. Há um, inclusivé, a que chamam Torto. Espectáculo!
Este não é o Torto, mas direito é que ele não está! (No conjunto dos três ao centro, é o da direita... Ao vivo nota-se bem melhor!!)
É só um cheirinho...


With love from Canal 3,
Marco

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Airborn!!

Terça-feira, 16 de Junho da graça de 2009.
O relógio marca as 0600. Hummm... acho que estou a ficar atrasado! Liguei para a rádio taxis, peço um taxi para a Mariano Pina e... música! Da boa, daquela que foi satirizada pelos gatos há já algum tempo. Um belíssimo midi reproduzindo um qualquer clássico da música encheu-me os ouvidos por perto de quinze minutos. Pois! Quinze minutos! Esperei, esperei, esperei e, finalmente, lá me disseram "trezentos e oitenta e três".
Despedi-me do paizinho e desci. Já lá estava. Um belo Mercedes com as molas dos bancos estragadas.
Chegado ao Terminal 2 fumei... check-in... fumei... fumei... encontrei três pessoas conhecidas! Uma delas, ou melhor, um deles, colega de secretária do 12º ano! Ele há cada uma nos aeroportos!!!
Mais quatro cigarros, uma carta nos correios, um telefonema com a mana e beijinhos à familia e lá fui eu!
Calma... lá fui eu para o Porto. Eu e mais uma quantidade de gente que lotava a ponte aérea...
Chegado ao Porto a vozinha metálica informava "os passageiros em ligação devem-se dirigir ao pessoal em terra.". Foi o que tentei fazer, mas... qual pessoal em terra!? No terminal de chegada do Sá Carneiro nem uma pessoa à vista! Procurei, hesitei, desisti! Saí do terminal e aí sim, perguntei. "Só tinha de subir as escadas ou o elevador!" Olha, merda! Aproveitei e mais um cigarro!
Subi pelo elevador e lá fui de novo para o ponto de control. Tive de mostrar tudo de novo: bilhete, computador, cabos, cinto, cadeados, e tudo e tudo e tudo... mesmo depois de eu insistir... "Vim agora da Portela e não me pediram para mostrar isto tudo!"... só consegui um "Pois, mas são normas europeias, em todos os aeroportos deveria ser igual!". Raios! Os srs da Portela são bem mais simpáticos! Embarquei!
Sem choros de Alfas de outros tempos, sem gente barulhenta, com pessoal de bordo impecavelmente simpático, dois filmes positivos, um almoço tranquilo, um lanche interessante e, claro, uma posição desesperantemente desconfortável. Sim! Desconfortável. Desta vez não pelas pernas, essas iam perfeitamente esticadas, mas pelo tipo do lado que, tendo-se sentado antes de mim, tomou completamente conta do apoio de braço central e não mais o soltou! Estúpido!!!
Quase dez horas depois a altitude baixava para os 400m e o monitor apagava-se. A vista pela janela não era Lisboa... Quilómetros de cidade, grande parte pobre, barracas, umas coladas às outras, milhões de pessoas viviam ali. Pfff, pensei... Isto assusta!
Quinze minutos depois, um aplauso colectivo. Eu não! Não aplaudo estas merdas. Se a estaca que eu fizer tiver 0% de areia ninguém aplaude! É o meu trabalho!
Malão recolhido, café bebido, água bebida, cigarro fumado.
Porta do Aeroporto Governador André Franco Montoro, Guarulhos, tudo é diferente. Tudo é bem diferente. As árvores, os carros, as gentes, o ar, a cor, o dia, o céu, a forma como a água gira. Tudo é mesmo diferente.
É o Brasil. É a América Latina!

With love from Guarulhos,
Marco

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A ciência do Guarda-chuva


Chove. Tormenta, aliás! Aqui onde este mar começa e esta terra acaba faz um temporal do demónio!
Cabo de Creus de seu nome. A sua povoação mais extrema, Cadaqués. Granitos e Xistos. Clássico do Ordovícico (Raios! Ordoquem?). Olivais abandonados, olivais a produzir. Mediterrâneo. Casas brancas, casas de pedra. Xisto. Ruas limpas, casas estranhas. Como Cadaqués. Estranho, mas giro.
Voltando... Chove. Faz frio. Roupa quente? Não tenho. A bagagem que trazia está algures em Barcelona ou Lisboa ou Girona ou... Sei lá! Talvez amanhã. Mas isso são outros tantos.
Guarda chuva, né? Pois bem...
Fui jantar ainda há pouco. Terra de turismo, a lembrar o "very typical" tem a forte desvantagem dos seus turistas serem essencialmente da parte Norte da Europa. Resultado: é tudo caro comó raio! Pedi referências à garota da recepção do Hotel Tarongeta que me recomendou um restaurante de pastas, por sinal invariavelmente fechado, ou uma pizzeria no rossio cá do sítio. Não sou muito de pizzas nem pizzerias (excepto as do Manel, claro!), mas depois de passar os olhos pelas listas dos "very typical" tive de me render ao valor da moeda e correr para a pizzaria!
Entrei, pedi a lista e até tinha frango. Frango assado à espanhola, conceito diferente, mas teria de servir! Sentado na primeira linha de vista para o mar fui comendo um gazpacho e bebendo uma sangria. Lá fora chovia a cântaros, dos grandes, tipo ânforas de azeite, coisas mesmo grandes! Na esplanada protegida não chovia, mas que frio fazia... Lá fora... chovia... E eu? Sequinho!
No hotel, antes de jantar, força das ciscunstâncias pluviosas, pedi um guarda chuva emprestado. Segui para a La Gritta protegendo-me como podia do dilúvio quase bíblico. Aqui entra a ciência da coisa. Não houve dilúvio bíblico nenhum! Não há registos históricos alguns desse grande castigo divino! Não houve! Ok, são argumentos da ciência (Na minha ciência um "não é" é um argumento perfeitamente aceitável, ok?!) mas não era esta a ciência a que queria chegar...
Foquemos a nossa atenção no uso do guarda chuva.
Instrumento de forma estranha, lembrando Orbitolinas (Orbiquem!??!), podem ser definidos no espaço por funções matemáticas de complexidade não tão complexa (Isso é que era ciência à séria... era eu espetar aqui a equação de um parapluie!). Equações à parte é no seu uso que efectivamente se pode estudar toda a sua ciência.
Como usas o teu guarda chuva? Pergunta à partida totalmente despropositada tem, na sua essência, uma importância tremenda.
Tomemos então atenção aos estilos de chuva. a)Chuva molha tolos do tipo 1; b)chuva de meio litro do tipo 1; c)chuva 5 grama do tipo 1 (ciência é ciência e as unidades não têm plural!); d)chuva molha tolos do tipo 2; e)chuva de meio litro do tipo 2; f) chuva de 5 grama do tipo 2; g)chuva molha tolos do tipo 3; i)chuva de meio litro do tipo 3; j)chuva de 5 grama do tipo 3. Porra, tanto estilo de chuva e não incluí a cacimbada! Apresentados os estilos de chuva (menos o h que é mudo...) expliquem-se e apliquem-se então os guarda chuvas. De um ponto de vista genérico os tipos 1, 2 e 3 relacionam-se com a inclinação da precipitação em que o 1 é vertical e o 3 sub-horizontal.
a) Chuva molha tolos tipo 1
Uma chuva molha tolos de tipo 1 é aquela treta de chuva da qual só se protegem com intrumento as velhinhas e quem ainda não reparou que já parou de chover. Só depois de 3 horas debaixo da sua vontade é que se sente realmente que molha. Julgo que em apenas 30 segundos estraga horas de salão de cabeleireiro. Assim se explica as valhinhas, né? Solução umbrella? Não se usa, ponto!
b) Chuva de meio litro tipo 1
Gotas pesadonas, grandes, tipo com meio litro cada uma. Um bom instrumento resolve qualquer problema. Aplica-se o instrumento na vertical, com o varão vem encostado ao peito, e já está. Evitem-se as poças e nem parece que chove!
c) Chuva de 5 grama tipo 1
Gotas médias. Solução? Mesma que as gotas gordas. Chapéu de chuva encostado ao indivíduo e vamos embora! Sem dramas nem dilemas.
d) Chuva molha tolos tipo 2
Mesma solução que para o homónimo de tipo 1. Chapéu para quê s'isto não molha!? Isso!
e) Chuva de meio litro (ou de 5 grama) tipo 2
Gotas gordas (ou médias) ligeiramente tocadas a vento. Importante, em 1 minuto (5 minutos) estás encharcado! O guarda-chuva é, de facto de utilidade extrema (dá jeito um guarda-chuva...vá!). Caso de estudo: Cadaqués, 13 de Maio de 2009. Solução? Depende das pessoas. Ok, três tipos de pessoas. Os que não querem saber, molham-se e pronto; os que revelam uma total preocupação em não se molharem (autor incluido); e os que pensam que a simples utilização de um guarda-chuva os vai manter secos, mesmo que o guarda-chuva esteja fechado! Oi!? Pois é. Aqui é que se revela a verdadeira ciência da coisa. Um guarda chuva de 2 metros de diâmetro é um chapéu de sol. Mas vejo por aí muita gente que só assim se safava... Onde é que as pessoas andam com a cabeça quando pensam que para chuva inclinada a 45º podem manter o chapéu precisamente na perpendicular do tronco e com o varão a um palmo da cara? Claro, a cara não molham, a cabeça talvez não, mas... e as costas!? Um par de beefs ia à minha frente. A chuva vinha pelas costas. Eu, precavido, levava o chapéu inclinado para trás e relativamente alto para fazer maior zona de "sombra", resultado? Cheguei impecavelmente seco à Gritta. Eles, com aquela máxima de "ter chapéu é suficiente" estavam completamente encharcados, mas como não viam... tranquilos! Pá! Malta! A chuva molha! Pelo menos a deste tipo. E pode-se evitar com a utilização correcta do instrumento! Vá... vamos a saber utilizar o Guarda chuva, por favor!
g,i,j) Esquece... chuva tocada a tanto vento que parece que vem do chão! Chapéus há muitos e estão nos caixotes do lixo! Solução? Granda molha! Outra solução? Não saias e acende a lareira!

Meus amigos, já percebi que reptos e pedidos não funcionam neste blog...
Mas a boas palavras de ordem ninguém pode dizer não...

Chapéus de chuva Sempre! À toa Nunca mais!

With love from Cadaqués,
Marco

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estação lunar?

Será uma estação lunar ou simplesmente uma obra de fundações?!
Aposto na segunda, mas eu tenho informações da base...


With love from the Guadalhorce bank,
Marco

Esperança

Coisa engraçada, a escrita. Há meses, vá semanas, que ando para escrever um post sobre um tema. Writer's block, não tenho conseguido. Hoje, na obra, liguei o msn. Frases saíram fluentes, linhas atrás de linhas escrevi o que me apeteceu. E o que não me apeteceu também. Já disse que há bocado começou a chover?!
A bandeira, a nossa bandeira, tem três cores. Principais são três. Uma é a esperança. Mas que esperança?! Representação estilizada da bandeira em mesa de restaurante colocou um vermelhão enorme (compreendo, Benfas!), um amarelo proporcional, mas um verde do tamanho de um rasgo de folha de alface. Explicação. A esperança é pequena.
Nesta estranha labuta que levo, fui iniciado às questões da gestão transcultural de recursos humanos. Aparentemente um disparate das Sociais e Humanas, acabou por ter alguma piada e me abrir os olhos para algumas coisas interessantes que vejo, em Portugal e, claro, em Espanha. Talvez em Portugal numa perspectiva de desafio face às ideias pré-concebidas sobre nós, portugueses. Em Espanha numa perspectiva de "ver se encaixa". Encaixa na perfeição. Um Espanhol dirá certamente o mesmo sobre os Portugueses.
Mas afinal o que diz essa tal lenga lenga da "transcultural não sei quê"?!
Pois bem, tempo tenho e, como sabem, gosto de explicar coisas (hehe, já lá está no perfil... topam!?), portanto... ora bem (forma como outra qualquer para começar uma exposição e, para mais, da qual eu sou fã!):
Diz um sujeito de seu nome Hofstede, Holandês, que uma sociedade (ou uma cultura) pode ser caracterizada por quatro parâmetros ou dimensões. Eles são: Distância de poder; Individualismo versus colectivismo; Masculinismo versus femeninismo e Aversão ao risco.
Portugal está a meio da tabela dos paises fixes e a Guatemala está em primeiro lugar. Nã.... brincadeira. Não há paises fixes nem menos fixes. O que há são 4 dimensões. Que tentam refletir diferentes tipos de sociedade e cultura.
Como se cota então um país!? Comparativamente. A única forma. Tendo por base uma sociedade que conhecemos bem, e sabendo os valores de um determinado parâmetro, podemos tentar perceber o que há noutro país naquela dimensão cultural.
Concretizando. Distância de poder. Portugal tem uma distância de poder de 63. A meio da tabela. Isto quer dizer que encaramos os chefes como chefes, mas ainda assim lá os vamos desafiando e achamos que um dia podemos lá chegar. Paises nórdicos, por exemplo, têm este valor muito baixo. Todos acreditam que podem chegar a chefe. Na Malásia, este valor é máximo. Quem nasce da cepa torta, jamais se vai endireitar.
Individualismo. Portugal é anfitrião de uma sociedade altamente colectivista. Das mais colectivistas do mundo. Isto quer dizer que, por exemplo, para me ganhares, tens de ganhar os meus amigos. Eu presto atenção ao que eles dizem e, se para eles estarem bem eu tenho de estar um pouco pior, então até pode ser. O grupo, o meu grupo, existe e não é exclusivamente composto por mim. E pelo meu grupo, seja de que tamanho for, mas tendencialmente grande, eu farei o possível e até mesmo o impossível. Ingleses, por exemplo, altamente individualistas, acreditam no seu núcleo (por oposição a grupo), farão o possível para que as suas conquistas pessoais existam, não se preocupando tanto com o núcleo, mas sabendo que, em última análise, o seu êxito será também do seu núcleo. Não é altruismo nem egoísmo. São formas de chegar ao mesmo ponto. Uma por um lado, outra por outro.
Masculinismo. Não somos machos. Não somos. Ok, portuguese do it better! Mas a sociedade portuguesa é feminima. É mau!? Nem bom. É uma forma de ser. Somos ligados às relações interpessoais. Somos latinos. Temos preocupações sociais, mesmo que mascaradas ou limitadas por uma parca capacidade financeira, mas temos.
Por último, Aversão ao Risco. Somos a par com a Grécia (!??!) a sociedade com maior aversão ao risco. Ora este ponto é-me particularmente sensível. Então o povo que em vez de continuar a cavar e a apanhar castanhas para comer com o porquito se aventurou pelos mares tem forte aversão ao risco?! Temos medo da inovação e do que é diferente!? O que me leva de volta à esperança...
A esperança é curta. O medo de arriscar é grande.
Vamos trocar as cores. O vermelho seja a esperança e se mantenha assim mesmo, grande (Benfas!)! Que arrisquemos no que não conhecemos. Que inovemos no dia a dia e nas grandes decisões. Mas acima de tudo, que não tenhamos medo do que é novo. Que não punhamos de parte o que aparece só porque não conhecemos. A novidade pode dar desconforto. Pode. mas também pode dar coisas novas, bonitas, e que nunca antes vivemos. Por isso são novas!
O quinto império já foi. Os Descobrimentos ficaram na memória e na Praça do Império. Mas as descobertas essas, são as que nos podem dar um dia novo, um depois do outro. Novo, diferente e, quem sabe, melhor!

With love from Um admirável mundo novo,
Marco

'Cause the times, they are changing

Liguei o portátil. Liguei o Outlook. Liguei o messenger (ferramenta porreira, pá!). 88 contactos offline. OI?!?!??! 88 contactos offline!??!?! Estão a brincar ó quê!? Hein?! Nem unzinho online? Nada?
Não que fosse falar com ninguém, não ia. Não que esperasse 70 contactos online e disponíveis, não esperava. Mas todos offline?!
Um frio do caraças fez-me voltar para o carro. Entretanto, lá fora, uns 8 homens tentam desesperadamente introduzir uma camisa de 11 metros num terreno que só admite 6 (não interessa o porquê, como, onde, nem quando. Nao interessa o que é uma camisa nem para que serve. Não interessa nada disso. Quem quiser mesmo saber que me pergunte na sexta, sábado ou em qualquer outro dia e terei mediano prazer em explicar. Minto. Terei todo o prazer. Gosto de explicar coisas... vou acrescentar isso na minha descrição do perfil. Já estou a imaginar. "... Odeio chuva. Gosto de explicar coisas..." Podia ser... Vou pensar nisso!). Estão ocupados. Parecem putos com um brinquedo. Tentam isto. Não dá. Riem. Aquilo. Não dá. Riem mais. O Encarregado, divertido e meio frustado, ainda me parece ser o que ri mais. Eu, claro, rio-me também. Afinal de contas, parecem putos com um brinquedo. Homens feitos. Obral. Rir porque não se safam com a camisa... Interpretações que quiserem, tem piada! Ou pelo menos, hoje, às 06:00 eu acho piada. Admito que possa estar com um sentido de humor estranho. Das 8 horas que já aqui passei hoje, 3 foram passadas a ver o que é que se passa lá fora, 3 foram passadas a fazer o curso de espanhol, 1 a falar ao telefone com o meu paizinho e uma outra a falar no messenger com pessoas. Isso claro. Quando havia pessoas online! Mas sintetizando, 4 fora do carro e 4 dentro. Dentro, e a ouvir Depeche Mode. Não posso estar com um sentido de humor normal. Não posso!
Em tempos idos (O Lobo Antunes tem a cena da pontuação, eu é o "Em tempos idos", cada um tem as suas manias...) trabalhei num Centro de Investigação. Piadas possíveis à parte, tinha a mania que de noite é que se trabalhava bem. E a verdade é que para o tipo de trabalho que desenvolvia naqueles tempos idos (!?!?!?!) safava-me bem nesse horário. Tranquilo, pilhas de cigarros nos cinzeiros (Um só não chegava. Excepto quando o um era aquela malga de cerâmica fina que comportava uns 350 cigarros, aí dava bem... Alguém se lembra dessa malga de cigarros?! Espectáculo!), e pouca gente que me chateasse. Escrevia, programava, desenhava, enfim, o que fosse o meu trabalho, ali, entre as 22 e as 06 do dia seguinte, eu partia pedra (hehe).
Mas sempre, sempre, havia pelo menos 2 ou 3, por vezes mais, contactos online no messenger. E eu na altura até tinha menos uns 5 ou 6 contactos. Hoje, surpresa, não há! O que é que se passa com as pessoas?! Não percebo! Descobriram a função "Aparecer offline"!?, a net está cara e os pcs têm de ser desligados!?, ou simplesmente além de estarem a dormir, desligam essa cena!?
Estou completamente estaziado com esta situação (estaziado!? Eça! Estou contigo na cena dos neologismos! - viram o que eu fiz agora mesmo!? Literatura e gramática são cenas fixolas!!). Não concordo que 1) as pessoas se vão deitar antes de mim; 2) quando as pessoas se vão deitar desliguem o msn. Não pode ser! As pessoas que não desligam porque continuam de facto online, precisam de saber que há mais gente online no mundo. Mesmo que esse mundo se limite a 88 contactos do msn. Não interessa. Tenho um mundo pequeno mas é o meu. Não quero mais contactos. Não quero. Vá... se for o da Jennifer Aniston talvez pense no assunto... (Já estou a imaginar a Jenninha lixada porque aqui o Marco lhe rejeitou o pedido de contacto do msn... Não te preocupes Jenny, quando me convidares eu prometo pensar se aceito ou não...) Mas quero que os meus 88 contactos se mantenham disponíveis enquanto eu estiver online. Não é justo!? Ok, talvez não seja... talvez seja mesmo uma grande parvoice. Talvez. Mas neste momento parece-me perfeitamente lógico. Isso, a proibição da afixação de cartazes com a Manuela Ferreira Leite no território nacional (como é que vamos combater as listas de espera nos hospitais, se as pessoas continuam a entrar com problemas de saude graves, provocadas pela aparição da... já sabem... não me façam repetir...) e claro, que o Benfica ainda vai ser campeão este ano! Mas pronto... já são muitas horas com os Depeche... eu avisei!
Ora portanto, assim sendo, e porque neste espaço já deixei um repto e um apelo e ninguém me ligou puto, deixo-vos agora um.... vá... um pedido...
Não se deitem enquanto eu não me deitar. E se tiver mesmo de ser, deixem o msn ligado!
Cereja no topo do bolo.... começou a chover! Raios!

With love from somewhere cerca de Málaga,
Marco

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O escuro

Às vezes no silêncio da noite...
...TRABALHA-SE!
É isto que se tem passado no silêncio da noite. Isto e claro, sonhar acordado... a dormir não posso estar! Com isto com aquilo, sonhado com as coisas boas e a possibilidade de se tornarem más...
Queixas de horários e outras à parte, gosto de estar numa obra de noite. Estranho, eu sei, mas há qualquer coisa na luz dos holofotes e no silêncio de uma obra que me encanta.
Em outras ocasiões já me tinha acontecido, mas aqui, no Aeroporto de Málaga há qualquer coisa.
Durante o dia a azáfama é grande. Gente a correr, máquinas a trabalhar, camiões a passar, ferros a cair, ruído por toda a parte. É um mundo frenéticamente contagiante. Mesmo o mais calmo acaba por sucumbir à acção e a ter pressas desnecessárias. Tudo tem de ser resolvido naquele instante. Meia hora de espera é uma eternidade na produção e uma impossibilidade para qualquer um. Excepto, claro, para um determinado consultor cuja calma e aparente péssima condição física impedem de correrias!
Mesmo assim há dias... Há dias de calma e dia de euforia. Ontem foi um deles. Na obra fui Engenheiro, encarregado, fiscal e até servente. Engenheiro sou sempre, é condição. Encarregado da perfuração por impossibilidade do verdadeiro. Fiscal da segurança, ambiente e qualidade porque não quero cá reboliços! E servente por solidariedade. Um homem é um homem. Não se pode ver um homem aflito e não dar a mão. Ontem corri. Bem, não foi bem correr, mais um andar apressado. Ontem assobiei, gritei e sinalizei. Falei com todos. Do Engenheiro director de obra, ao servente que limpa a obra. Porquê? Porque meia hora é uma eternidade e há que resolver tudo em menos de um minuto. Possível? Nem pensar. Mas ainda assim as tentativas repetem-se todos acreditam que sim. Azáfama! Não sei de onde vem a expressão, mas de certeza que foi criada para uma obra de fundações!
Acabou o turno. Jantei. Acalmei. Respirei.
Às 00:00 voltei. Outro turno. Normalmente durante o dia, aquele troço de obra onde estou comporta cerca de 100 trabalhadores. Entre todas as categorias. À noite são... 5. Um operador, um servente, um fiscal, um encarregado da segurança e um consultor.
Que silêncio. A máquina faz algum barulho, é certo. Mas com tudo o resto desligado, focos de luz dirigidos e sem ninguém a gritar, não sei onde estou. Mas numa obra não deve ser. Fiquei fã.
Calma. Tudo se faz com calma. Não há pressas. Não há ninguém para apressar. Não há ninguém a quem entregar isto ou aquilo agora mesmo. Não há.
Os focos dão a luz necessária. Ali, na estaca, parecia dia. Ao lado, dois metros ao lado, era de noite. Atravessar estradas sem pensar que vou levar com um dumper. Dobrar uma esquina sem medo de uma Pá!
Não há luz. Não há ruido. Não há pressa. Faz-se o que se tem que fazer, quando se tem que fazer, como se tem que fazer.
Todas as obras deviam ser de noite. Assim, sim. Avançavamos!

With love from Málaga,
Marco

Luz...

29 de Abril de 2007.

Numa qualquer rua da soalheira Soajo o telefone toca. O meu Pai. Lembro-me que era comprida e que tinha um peso aceitável. 55cm? Seria? Lembro-me da sensação, não me lembro dos dados. Tudo estava bem. Tudo tinha corrido bem. Trabalho de algumas horas tinha levado ao aparecimento dela. Estava longe. Na outra ponta do país. Mas senti o que só nestes momentos se sente. A alegria que justifica a palavra família. A alegria que se sente quando se é Tio pela primeira vez.
O avô, babado. A mãe sonolenta. O pai estremunhado.
A petiz... brilhante. Brilhante como só se pode ser quando se vem da luz. Será por isso? Não sei, mas podia ser.
Por ser homem, são todos iguais. Velho conceito estabelecido por entre todos os que olham para os dos outros. São todos iguais. Verdade ou não, ela era diferente. Longe das crianças enrugadas e excessivamente vermelhas. Longe do choro e da debilidade de alguns. Não. Era forte, saudável e com o correctamente apelidado, pele de bebé!
Na semana seguinte visitei. Bruto, não sabia o que fazer, dizer, nem mesmo esperar. Repetitivamente incentivado pela mãe, peguei. Momento. Alegria. A alegria que justifica a palavra família. Tentando a ternura, mas com vícios de quem não a sabe expor, falhei no aconchego e devolvi à mãe.
Chorou. E que goela. Impressionante como uma amostra de gente consegue vocalizar muito mais ruido que o Olavo Bilac... Impressionante.
Passados quase dois anos partilhei experiências um reduzido número de vezes. Fruto de uma distância física dificil de transpôr.
Por razões que, classicamente, a razão desconhece, o Tio, aquele bruto, o que não faz miminhos em exagero nem entra nas clássicas brincadeiras com uma criança de 1 ano caiu no goto da garota. Chama por ele, fala com ele ao telefone (Xau Tio!) e sempre que o vê, num misto de vergonha com alegria, corre ao abraço das pernas.
Apesar da distância dificil de transpôr, há laço. Há familia.
Muito já escrevi sobre coisas mundanas e até extra-mundanas. Mas chegado foi o momento de vos falar da minha luz. Minha e claro de todo um núcleo familiar babado e rendido aos encantos da pequena Constância. Constante na alegria e na energia para a brincadeira capaz de deixar qualquer um pelo chão... Assim é a minha sobrinha!
Em tempos, pelo Natal, encontrou no meu colo uma fonte inesgotável de sono e comforto. Assumi essa posição e cedo dormiamos os dois ferrados num conjunto ternurento, familiar. Adorei.
No passado fim de semana a sua mãe cumpriu aniversário. A família acorreu aos festejos e claro, à visita da pequenita.
Como não podia deixar de ser, surpreendeu. Alegre, excitada e imparável, brincava com as amigas em completo extase!
Almoçámos, brinquei, brincámos e, ao final do dia, fruto de um dia imparável, descansou.
Assim é a minha sobrinha. Não sei como são as dos outros, mas esta é a minha e desta eu gosto muito!



With love from Oncle's land,
Marco

terça-feira, 24 de março de 2009

Mais uma que fecha!

Linha do Corgo.
Por motivos de segurança será fechada na Quarta-feira. Ok. Amanhã.
Mas... se é por motivos de segurança não deveria fechar já hoje?
Fico a pensar... O Corgo vai ter barragem!?

With love from... well, from Corgo's train won't be for sure!
Marco

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Irresistível...

Nenhum dos modelos é, por si irresistível. Vá... eu talvez um bocadinho... O outro não o conheço de lado nenhum!
Mas irresistível é partilhar este momento!
Gosto mesmo do Carnaval!!!!
Hehe

With love from Never-land
Marco

Por el tema de Seguridad!

É o segundo post com título em espanhol. Bem, terceiro se contar com o Puente Colgante de Portugalete. Mas não sei se esse conta. O "de" pode ser português e o resto uma espécie de figura de estilo...
Mas... Pois, o que é que se passa com a Seguridad?
Como sabem, o punhal berrou. Não sei se de vez se não, mas berrou!
Vai daí, este aqui alugou um carro para a semana de trabalho lá para os lados de Granada. Acontece que o trabalhinho que me ia manter em Granada por uma semana ou mais, afinal já está feito. Que competência! Uma segunda-feira em que vi o encarregado ao almoço e ao jantar, uma manhã de terça na obra e... Já está!
Havia que voltar a Lisboa hoje, quarta-feira!
O carro alugado não podia ser entregue em Lisboa. Em qualquer ponto em Espanha podia entregar, mas não podia passar a fronteira. ok...
Consulta aos vôos, em todos os aeroportos da região, apresentava como tarifa mais baixa uns espectaculares 200 euros de Málaga a Lisboa, escala em Maiorca (???). Seria uma estupidez. Alternativas? Duas! Uma envolvia ir até Madrid e apanhar um vôo para Lisboa às 06.50 de Quarta. Estão-me a imaginar, não estão!?!?
Outra, mais calma e, quem me conhece sabe, bem mais gira, implicava conduzir até Cáceres e apanhar o expresso da Lusitânia às 01.53 de Quinta, chegando a Lisboa às 07.40 de Quinta. Perfeito! Viagem de carro na calma. "Entrego o carro às 19.qq coisa, vou à estação deixar as malas e vou jantar a Cáceres. Quando se aproximar a hora volto para a estação, apanho o comboio e durmo o caminho todo! Isso mesmo!"
Pois bem... no papel, genial. Na minha imaginação também. E foi então que a porca torceu o rabo... Chegado a Cáceres apercebi-me que a minha mala é pesada comó caraças! Isto no curto trajecto que me levou da Europcar à estação. Na estação perguntei ao assistente ao viajante: "Consignas?" ou Cacifos? Não há. Porquê? Adivinhe-se... pois. Ah e tal... desde o atentado à Atocha que os cacifos da RENFE que não tenham Scanner de segurança foram indefinidamente fechados. Que fazer? Perguntar na cafetaria. Cafetaria com o malão... Puede... No! El tema de Seguridad! Raios... Então onde? Sem opções. Olhei e vi! Policia Local. Estes não se vão queixar da seguridad a um jovem português... isso, deves! Mais um tema de Seguridad, e um muy simpatico Lo sinto! pois... também eu que vou ter de passar 6 horas à espera de um comboio ao lado do malão.
Porque é que não o deixo a um canto e vou jantar?
Pois claro... Por el tema de Seguridad!

With love from Cáceres,
Marco

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ups!

Não, não vou escrever sobre a UPS, é mesmo um ups!
Hoje é um daqueles dias. Escrevo tudo o que tenho a escrever. Bem... nem tudo. Há ainda um pequeno conto que vos tenho de contar mas que fica para outro dia...
Um amigo disse-me para escrever menos quando escrevo. E escrever mais. Ou seja... Escrever com maior frequência e não mandar assim de rajada não sei quantos textos... Desculpa Fifias, eu não consigo resistir quando a pena toca no papel!

Garcia Lorca. Frederico Garcia Lorca (1898-1936). Vida curta. nasceu em Fuente Vaqueros e morreu em Granada. Heroi democrata. Poeta. Considerado o melhor autor Espanhol depois de Cervantes. Fuzilado por uma Espanha católica com medo da novidade e da diferença.
No meio viveu em Valderrubio. Perto de Granada e local que dá nome ao encontro 2 de um viaduto onde estive a trabalhar.
A caminho para obra via umas placas sobre ele. Casa museu, sítios lorquianos, etc.
Sábado. Um Sábado. Um Sábado de uma semana em que o meu estimado punhal ficou em Lisboa para ser reparado. Um Sábado em que tinha ido à obra pela manhã e ia passear pela tarde. Um Sábado em que andava com um VW Polo. Um Sábado em que a neve na serra Nevada atingia records. Um Sábado em que, pela primeira vez em duas semanas, não chovia. Um Sábado.
Saído da obra e almoçado, decidi ir averiguar então os tais dos sítios lorquianos e a casa museu.
Casa museu: fechada!
Bom, decidi então que iria ver os tais sítios e, depois, faria uma anunciada aqui e ali rota das fortalezas.
Saído de Valderrubio direcção Fuente Vaqueros uma placa indicava uma tal Fuente de la Peña à direita. Sabem como sou... Não me foi fácil virar à direita, mas desta vez tinha de ser.
Virei e andei. Andei eu, não! Andou o tal do Polo. Menino de cidade pouco habituado às rotas que eu lhe propunha. Despreocupado não via a tal fonte. Continuei. O asfalto acabava. Eu, continuava. As poças e a lama aumentavam. Eu, continuava. O Chopeirais intensavam-se. A lama adensava-se. Eu, continuava. A lama parecia tomar conta do meu campo de visão. Eu... comecei a ficar preocupado. Um espacito sem lama e travão. Parei e inverti o sentido da marcha. Olhei, ponderei, pensei, acreditei. Podera! Se não passasse de volta como é que ia sair dali?!
Arrisquei. Primeira, segunda. Assim não patina e tem melhor tracção. Mas eis que de repente, como que vingança da Espanha por considerações de tacanhice feitas por mim e pelo Fred, e como que por artes de magia, o citadino Polo começava a tomar um rumo diferente do que lhe impunha eu, as suas rodas, o seu motor e até mesmo, por impossível que pareça, a gravidade. Ok, vá esta última não... isso é só lá para os lados de Sintra...
Fugiu, escapou, travei, derrapou, PUM! De notar que a velocidade a que eu transitava não deveria exceder certamente os 4km horários. Ainda assim: PUM!
5 km a pé até Valderrubio. Mais uns quantos à procura da Alcaideza. Mais uns quantos à procura da Grua de Valderrubio. 1 hora de espera pela Grua de Pino Puente. A de Valderrubio deu-me borra!
Trabalhos de desatolamento. Lama e mais lama. Nas botas, nas calças, na camisola, Até na carteira fiquei com lama. O habitáculo esse, um lamaçal.
No fim, 100 euritos pelo serviço, um cumprimento e uma recomendação de lavar as botas numa autolavage de alta pressão.
Entrei no carro. Lavei o carro. Jantei. Bebi uma Alhambra. Dormi. Domingo... fui passear... mas sempre em asfalto!
Coitadinho do Polo... Na cidade não há passeios destes!


With love from Valderrubio,
Marco

O luto do punhal...

Em tempos idos comprei um carro. Um renault 19 que fazia inveja a muitos... Cinzento metalizado com linhas modernas, aerodinâmica quase espacial, e um motor que nunca parava. Mesmo depois de 50 000 Km sem trocar de óleo. Mesmo depois de 6 anos de minha propriedade. O carro não parava. Excepção feita a uma ou duas ocasiões em que, por problemas eléctricos, teve de ser passageiro de um primo do Tom Mate... As características do dito automóvel eram de tal forma impressionantes que foi orgulhosamente apelidado de Espada!
Anos volvidos e o seu proprietário embrenhou-se numa aventura laboral que implicaria a realização de demasiados km para um velhinho e talvez um pouco maltratado Espada. A decisão complicada surgiu. A necessidade de adquirir um substituto nasceu. O estacionamento definitivo do Espada parecia quase certo. Enfim... Vai andando longe das épicas jornadas que em dias o levaram às luzes da ribalta das revistas de todo-o-terreno ou mesmo do jornal interno da Renault. Mas para os efeitos da minha relação com ele, está estacionado.
Várias hipóteses de substituição, dois meses com carros alugados (recomendo a todos a aquisição do Mercedes Classe A, dentro do seu segmento, uma rainha sem contestação!), e vai de completar o que seria um óptimo negócio. Um carro fiável, resistente, duro, duradouro e claro, gastadeiro. Assim se descrevia o automóvel que viria a ser o substituto do Espada nas minhas épicas jornadas automobilísticas. Comprei então um Opel Astra 1.4i. A descrição é forte. Bom motor, franca cavalagem, e uma capacidade de viajar a 160 km horários claramente superior à do Fiat Panda! Mas mesmo. Bom carro!
Por ser mais curto, prontamente o apelidei de Punhal, alcunha a que ele respondeu afirmativamente com três gazadas involuntárias!
Estávamos então no festivo mês de Dezembro e eu estacionado entre Málaga e Bilbao. Não visitou nuestros hermanos em 2008. De passagem de ano em Segura a viagem foi o seu primeiro teste. Passeios quase de TT e, claro, uma viagem de Queijas a Segura em pouco mais de 2 horas conferiam-lhe o seu primeiro rubi no cabo, e, naturalmente, a sua primeira condecoração. Estava contente com a minha compra.
2009 chegou e com ele a minha programada deslocação a Málaga. Viagem calma, com alguns excessos, mas sem incidentes. As valentes sapatas que calça davam-lhe uma estabilidade confiante e o seu poder de disparo garantia subidas e descidas ao mesmo ritmo. Mantinha-me bem impressionado.
Voltando a Lisboa a primeira falha... Uma vela a falhar levava o seu motor a coxear de uma pata e a trabalhar só com as três restantes. Lá chegou a Lisboa. Lá recebeu um conjunto de velas qual criança de quatro anos e, com alegria, voltava a Espanha. Desta feita para terras da Romã.
Viagem de volta mais uma vez e, espante-se, de novo coxo de uma pata. Simplificando o complidado, foi arranjado e voltou à estrada. Maleita? Válvulas queimadas, junta queimada, cabos de velas velhos e mais uma ou outra coisa. Resultado? Mais do que vale o Espada!
Reparado e inpesccionado de fresco voltou para Espanha. A caminho das romãs pela rota da prata algures num km 747 de uma auto-via, dava-se o estrondo. Pum, pum, catrapum! Ouvi e senti debaixo do carro um verdadeiro carnaval de pólvora! Olhei para fora e, surpreso, vi que o nascer do dia se tinha mudado para a parte inferior do Punhalito. "Ai que esta cena se incendeia!!" Motor prontamente desligado seguiu até ao seu descanso. Outro primo do Tom Mate apareceu, um Taxi surgiu, e a separação proporcionou-se. Punhal de volta para Portugal. Eu, seguindo o meu rumo numa longa viagem de 250km de taxi. Dormi. Relaxei. Pensei.
O que é que eu faço a este carro!? Não sei.
O que é que eu fiz para merecer isto!? A esta sei a resposta!
Nem sempre a razão se deve sobrepôr ao coração e, no meu coração não há dúvidas, o meu Espada não me faria isto...
Mas pronto, deixo-vos uma boa imagem, de um bom momento, do que foi um bom carro!


With love from Sta. Olalla (km 747 da A-66)
Marco

La folie!

Carnaval!
Eu gosto! Sou um folião por natureza. O Carnaval dá-me asas e permite-me fazer as maiores parvoíces saindo naturalmente incólume de todas as pequenas tropelias que possam ocorrer-me.
Este ano não foi excepção.
Frente à decisão de permanecer fiel aos Cabeçudos ou arriscar nos pescadores eu e mais três foliões decidimos que iríamos inovar no Carnaval de Sesimbra.
Vai daí Rossio. Preparação. Uns euros gastos, pés cansados e uma bela açorda no bucho e estávamos preparados para o que desse e viesse.

Aproveito a ocasião para recomendar a todos uma visita aos centros comerciais do Martim Moniz. Verdadeira pérolas interculturais permitem ao Lisboeta incauto aperceber-se da verdadeira dimensão e utilidade da colonização portuguesa. Tanta variedade, cor, cheiros e estranheza apenas nos podem provocar sensações de bem estar com a pluralidade da paleta humana, em particular do mundo português. Gosto!

19 horas e a arrancar para Sesimbra na promessa de uma noite bem passada com amigos e desconhecidos.
Dia de bola. A bola rompeu-se. Pouco importante. Os petiscos, a cervejola e o xiripiti mais português e velhinho deixou-me pouco marimbando para as aventuras e desventuras de treinadores calamares em terras lusas. Para mais, o choco frito estava bem bom!
Meia noite e corridos dos petiscos. Uns mais tombados que outros, mas todos com incomensurável alegria! Agora sim, vamos brincar ao Carnaval!
Na marginal um palco encomendado para o efeito dava as cada vez mais tradicionais brasileiradas aos foliões. Pezinho de dança, palhaçada, cervejola, cigarrito, pezinho de dança, fotografia, cervejola, fotografia. Já mais a cem que a dez vimos o concerto terminar e a multidão em direcção à sociedade! Bora lá! Chegados à porta uma multidão esperava o mesmo que nós. Entrar, dançar, beber, rir e claro... brincar ao Carnaval! A máquina ficou sem bateria, mas a alegria movia a equipa!
"Luís, Luís!!!" Berrei em direcção ao portas! Não era Luís, era Eduardo. Dá-me igual!
Conceito Tina Turner no concerto de Metallica no Restelo em anos idos. Dois jovens gritavam pela Tina (tinha dado concerto no mesmo espaço dias antes) enquanto avançavam em direcção ao palco. A multidão, baralhada, deixava-os passar num misto de perplexidão e simpatia. Comentei na altura "que granda truque!". Responderam afirmativamente. Em menos de 5 minutos chegavam às grades. Aprendi um truque que até hoje me acompanha!
Na porta da sociedade o truque resolvia mais uma vez... perplexos deixavam passar os quatro que conheciam o Luís que estava à porta. Mais ninguém conhecia. "Devem ser amigos! Dominam esta cena toda...". Não duvido que fosse este o pensamento que reinava nas cabeças dos incautos simpáticos que nos davam os seus lugares na fila! 2, 3 minutos e o Eduardo corrigia-me o seu nome. Perfeito! "Somos 4!"
Entrámos. Dançámos, bebemos, brincámos, rimos, foliámos com pessoas desconhecidas como só é possível em duas ou três noites por ano. Mas nesta noite é especial! Não conheço, não quero conhecer. Apenas brincar, brincar ao Carnaval!
Gente mais conhecida, gente menos conhecida. Gente gira, gente feia. Gente em pé, gente caída. Gente de cerveja, gente de água. Tudo!
7 da manhã. Volta. O punhal distribuía e finalmente descansava. Ele e, claro, eu.
Foi mais um Carnaval dos bons!
Sesimbra tem mais encanto na hora da folia! Hehe!
Este Carnaval foi assim, o próximo... Será diferente. São todos!



With love from uma sociedade de Sesimbra,
Marco

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Moral do Carnaval

Voltei há pouco de brincar ao Carnaval em Sesimbra. Sim, foi giro e tudo mais. Bom ambiente, companhia agradável, música invariavelmente brasileira, e claro, uns valentes copanázios!
Depois de toda a noite uma questão me vem aos dedos:

Alguém sabe onde deixei a minha VOZ?!

Raios....

With love from Sesimbra,
Marco

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Gibraltar - vá...

Em Málaga fui interpolado por uma jovem do Ayuntamiento que me fez um inquérito sobre o turismo em Málaga. No final perguntou-me: recomendarás a teus amigos/familiares/conhecidos que venham conhecer Málaga? Respondi: De propósito aqui só para ver Málaga? Respondeu: Sim. Afirmei: Não.
Fui categórico. Tem coisas giras. Tem. Mas de propósito só para isso? Vá... vão a Bragança. Vão a Fornos de Algodres. Vão a Estremoz à gastronomia dos Ganhões. Quem me conhece que essas seriam recomendações ao meu nível. Agora a Málaga? Bilbao recomendo a todos. Bela cidade, bela gente e deixa saudade. Agora Málaga? Tenham juizo! Lá porque têm um aeroporto a ser aumentado... Não justifica só por si. Não.
Gibraltar.
Já falei mal. Já fantasiei.
Mas verdade seja dita, tem o seu g de interessante. Sim, tem g, porque q não tem...
A ponta da Europa. Triste. É. Mas fascinante a paisagem. A vislumbração de África no horizonte. A quantidade impressionante de navios no porto e ao largo. Impressionante.
A Upper Rock. Espécie de parque natural/cultural. Caro o acesso? Sim. Compensa com o que se ganha em tabaco e em gasolina. Os macacos? Engraçadíssimos. A gente? Não me parecem ter identidade própria. Mas não importa. Afinal, quem ali vive será inglês? Espanhol? Marroquino? Não é fácil. Compreende-se. A cidade é mesmo feia. A quantidade de elementos balísticos é estranha, mas compreensível. Um pouco como a gente, não?
Árabe, nota-se. Espanhol, nota-se. Inglês, nota-se.
O Rochedo? Impressionante. Mesmo impressionante. As falésias. Igualmente impressionantes. A paisagem. Mista. Estranha talvez a melhor definição.
Os túneis? Estranhíssimos!
Tem de tudo. Belo, muito belo. Feio, horroroso. É um local de contrastes entre o impressionante e o estranho.

Se recomendo a visita a amigos/familiares/conhecidos?
Sim. Acho que vale a pena. Só por Gibraltar? Sim.
Estranho, mas impressionante! Isto é Gibraltar!
Não se fiem só no que escrevo, vejam pelos meus olhos também!

















With love from Gibraltar,
Marco

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Jerónimoooooo!!!!

Tudo se passa a 24 de Janeiro de 2009.
Sei que vai tarde, mas tem sido um corropio. Hoje, sábado, dia 8 de Fevereiro do ano supracitado, são 23:55 e eu estou no quarto do Hotel Ruta del Puniente em Cuesta de Palma. Sei que devia ir beber um copo, mas não gosto de San Miguel nem de Mahou! O corropio acabou!
Dia 31 de Julho de 2008 completei a feliz idade de 28 anos. Sim, 28. porque se completei, tem de ser 28, né?
Nesse mesmo dia um email dava conta de uma prenda que nem esperava nem nunca seria capaz de retribuir.
Uma amiga querida de longa data, em nome de uma amizade estranha mas nunca em dúvida, lembrou-se de me mandar saltar de um avião.
Acho que há formas mais simples de dizer a uma pessoa "vai morrer longe!", mas esta foi a dela... A prenda consistia num salto de queda-livre em Tandem. Que prendaça! Logo em euforia, divulguei aos quatro ventos o feito desta desmiolada que me queria ver voar!
Tinha um prazo de validade de 6 meses e um catch por demais relevante: tinha de ter menos de 100Kg, com 10% de tolerância. Na prática tinha de estar abaixo da mítica meta dos 110 Kg.
"Tarefa simples", pensei. Eliminar 5 Kg em seis meses é brincadeira de couve. Muita couve e estava resolvido!
Dias, semanas e uns meses passaram e eu embarquei numa experiência profissional que me levaria a comer tão mal que me parecia que iria mesmo bater os 100Kg... que disparate! Organismo refeito e palatino adaptado e cá vai disto! O menino depois do Natal tinha valorosos 113Kg. Com o final do sexto mês a aproximar-se vertiginosamente vai de marcar o salto e dar um prazo ao dietista. 24 de Janeiro de 2009. Nada a fazer.
Uma semana antes, em casa, em cima da única balança em que confio, lia os 113Kg com certeza que não era nada que uma semana a salada e peixinho não resolvesse.
Mais uma vez... que tonteria! Chegado a Cuesta la Palma deparei-me com uma cozinheira capaz de me fazer comer mais que na cantina da FCT! Controlado mas esfomeado voltei ao lar de São Domingos para verificar que aquela que não mente também não mudava de opinião. Os 113 mantinham-se!
A chuva de 23 de Janeiro abriu-me uma réstia de esperança de evitar a humilhação. "Liga p'ós gajos a ver se podemos saltar com este tempo!" resposta: "amanhã está limpo!". E o peso? "Estou com 113... vê lá que é que eles dizem..." mais uma vez: "Há vento, não há problema!" Raios... há vento? e se o vento parar? Bom... se eles dizem...
Um bichinho começou levemente a mexer-se no alarve do meu estômago. Ai, ai, ai... vai ter de ser mesmo!

24 de Janeiro de 2009.

Acordo bem disposto e com um estupor de uma dor de cabeça que nem vos digo! Nervos? Nada! Porra da cerveja, vodka e sei lá mais o quê que me lembrei de beber na noite antes!
Banhoca e vá... porta fora direcção Amoreiras para recolher a outra passageira da SkyDive (este momento foi patrocinado pela SkyDive, escola de para quedismo). Os dois a bordo do punhal perguntei se tinha alguma coisa para a dor de cabeça. Nada. Estava destinado a ter uma valente dor de cabeça nos últimos momentos da minha vida... pré-salto (calma.... sem fatalismos).
Direcção a Évora um ligeiro atraso começa a apoderar-se de nós. Tentei contrariar com ligeira aceleração mas o cabresto do punhal já acusava maleitas (conto-vos depois). Não passava dos 120 e iríamos chegar atrasados. Não deve haver problema. "Estou a ficar um bocadinho nervosa." "Irra, vai-te encher de moscas! Não te quero cá com nervos! Não penses nisso que daqui a nada já está!" "Ok, a ver vamos!" Gosto de gente assim. A ver vamos! Podemos mandar-nos de um avião, de o topo de um edifício, ou mesmo lutar com crocodilos. O importante é que não se pense no que se vai fazer até já estar feito. É o meu estilo, é o meu truque. Resulta? Saltei, não saltei!? Pois... ainda não sabem se saltei. Mas saltei.
Com um bichinho no lugar onde deveria estar um almoço cheguei ao aeródromo de Évora. Pergunta aqui pergunta ali e lá demos com o Hangar 4, sede da SkyDive (momento patrocinado... já sabem...). Uma festarola no Hangar ao lado, uma data de gente a passear no aeródromo (???) e uma malta estranha mas calma no Hangar 4. E claro, um tal Silvério que passava de 20 em 20 segundos com uma bucha na mão. "Porra, muito comes tu Silvério!!!" grita um jovem enquanto se dirige a nós. "Estão aqui para o salto?" "ISSO" respondemos em coro. "Mas achas que ELE vai poder saltar?" "É matulão, mas o vento está forte, não haverá problema e, se houver, uma coisa de garanto: lá em cima não fica!" Reconfortante... falavam aqui do matulão como se o matulão não estivesse ali. Nos filmes há muitas cenas assim, já sei como se sentem as personagens visadas.
Papelada, cigarros, breafing, cigarros, espera, cigarros, café, cigarros e por último, equipamento, cigarros e piadola "fuma, fuma que nunca sabes quando é o último! Hehe!" Hehe os toma... Sei que este não é porque tenho o maço cheio!
Alguns cigarros, talvez alguns a mais, mas a espera foi tremenda e não havia nada para fazer, só por isso. Ainda tentei jogar um Sudoku no tm, mas o barulho dos motores dos aviões desconcentravam-me!
E ai estava ele. Equipado!


Pois... também me pareceu. Só isto?!
Se é assim, ok!
Beca beca coiso e tal e lá está o avião donde nos vamos mandar! O piloto? O insaciável Silvério que, de bucha em bucha e voo em voo lá ia passando o dia!


Sólido? Claro!
Entrámos. Nós e mais 15. Era a festa do avião! Não... não nesse sentido, seus ordinários! A dor de cabeça amainava, mas ia moendo...
"Esta cena vai dar-me aquela cena do estômago a descolar. Vou-me borrar todo com esta mer%$!" Não... nem cena no estômago nem nada. Tranquilo!
Levantou, tranquilo; subiu, tranquilo; saltou um para fazer um recado, tranquilo; chegou a hora de meter os óculos, agora é que são elas! Já está. Não há volta a dar! Se eu me acobardar agora sou um menino! Mantém a tranquilidade, por favor! Inspiraaaaa!!!! Tranquilo!
"De joelhos até à porta", disse o João. Parte do breafing tinha sido a explicar esta parte. Outra parte a explicar depois de saltar e, a maioria a fazer piadas sobre as tantas formas que se pode aterrar não acordado, principalmente se se pesar mais de 100 Kg. Que breafing. Ajoelhado, já de cabeça de fora do avião, lembro-me de ter pensado... "Como é que é agora? Será que sou eu quem dá o impulso? É ele? E como é que saímos? Vou bater com os joelhos? Olha... o aeródromo tão pequenino lá em baaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..."
Qual Jerónimooooo qual quê!!! Calei-me. Vi. Senti. Ouvi. Mas acima de tudo Senti. Frio. Muito frio. Mais ou menos 16 graus negativos. Acho que nunca senti tanto frio e, no entanto, não o senti! Senti vento. Muito vento. Na cara, nas mãos, nos pés, no corpo todo! É mesmo muito vento. A dor de cabeça? Não senti. Nem nesse momento, nem nos seguintes, nem depois. Desapareceu!
É louco? Não. É a puta da loucura! Isso. É mesmo!
4200 metros de altitude. 50 segundos até aos 1300 metros. E depois? Pfffffff... Imaginem o som. Imaginem a sensação. Leveza inacreditável que leva a asa a abrir e o nosso corpo a voltar a sentir a gravidade. Os ouvidos voltam a funcionar. O sorriso é impossível de conter. A alegria é tremenda.
Não sou eu, mas poderia ser!


10 minutos. Chão. Aterragem? Espectáculo. Conclusão?
QUERO MAIS!!!!!
Obrigado Silvério, obrigado SkyDive, obrigado João.
Mas acima de tudo...

Obrigado Patrícia.

With love from La Palma (Cuesta, calma...)
Marco