quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Irresistível...

Nenhum dos modelos é, por si irresistível. Vá... eu talvez um bocadinho... O outro não o conheço de lado nenhum!
Mas irresistível é partilhar este momento!
Gosto mesmo do Carnaval!!!!
Hehe

With love from Never-land
Marco

Por el tema de Seguridad!

É o segundo post com título em espanhol. Bem, terceiro se contar com o Puente Colgante de Portugalete. Mas não sei se esse conta. O "de" pode ser português e o resto uma espécie de figura de estilo...
Mas... Pois, o que é que se passa com a Seguridad?
Como sabem, o punhal berrou. Não sei se de vez se não, mas berrou!
Vai daí, este aqui alugou um carro para a semana de trabalho lá para os lados de Granada. Acontece que o trabalhinho que me ia manter em Granada por uma semana ou mais, afinal já está feito. Que competência! Uma segunda-feira em que vi o encarregado ao almoço e ao jantar, uma manhã de terça na obra e... Já está!
Havia que voltar a Lisboa hoje, quarta-feira!
O carro alugado não podia ser entregue em Lisboa. Em qualquer ponto em Espanha podia entregar, mas não podia passar a fronteira. ok...
Consulta aos vôos, em todos os aeroportos da região, apresentava como tarifa mais baixa uns espectaculares 200 euros de Málaga a Lisboa, escala em Maiorca (???). Seria uma estupidez. Alternativas? Duas! Uma envolvia ir até Madrid e apanhar um vôo para Lisboa às 06.50 de Quarta. Estão-me a imaginar, não estão!?!?
Outra, mais calma e, quem me conhece sabe, bem mais gira, implicava conduzir até Cáceres e apanhar o expresso da Lusitânia às 01.53 de Quinta, chegando a Lisboa às 07.40 de Quinta. Perfeito! Viagem de carro na calma. "Entrego o carro às 19.qq coisa, vou à estação deixar as malas e vou jantar a Cáceres. Quando se aproximar a hora volto para a estação, apanho o comboio e durmo o caminho todo! Isso mesmo!"
Pois bem... no papel, genial. Na minha imaginação também. E foi então que a porca torceu o rabo... Chegado a Cáceres apercebi-me que a minha mala é pesada comó caraças! Isto no curto trajecto que me levou da Europcar à estação. Na estação perguntei ao assistente ao viajante: "Consignas?" ou Cacifos? Não há. Porquê? Adivinhe-se... pois. Ah e tal... desde o atentado à Atocha que os cacifos da RENFE que não tenham Scanner de segurança foram indefinidamente fechados. Que fazer? Perguntar na cafetaria. Cafetaria com o malão... Puede... No! El tema de Seguridad! Raios... Então onde? Sem opções. Olhei e vi! Policia Local. Estes não se vão queixar da seguridad a um jovem português... isso, deves! Mais um tema de Seguridad, e um muy simpatico Lo sinto! pois... também eu que vou ter de passar 6 horas à espera de um comboio ao lado do malão.
Porque é que não o deixo a um canto e vou jantar?
Pois claro... Por el tema de Seguridad!

With love from Cáceres,
Marco

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ups!

Não, não vou escrever sobre a UPS, é mesmo um ups!
Hoje é um daqueles dias. Escrevo tudo o que tenho a escrever. Bem... nem tudo. Há ainda um pequeno conto que vos tenho de contar mas que fica para outro dia...
Um amigo disse-me para escrever menos quando escrevo. E escrever mais. Ou seja... Escrever com maior frequência e não mandar assim de rajada não sei quantos textos... Desculpa Fifias, eu não consigo resistir quando a pena toca no papel!

Garcia Lorca. Frederico Garcia Lorca (1898-1936). Vida curta. nasceu em Fuente Vaqueros e morreu em Granada. Heroi democrata. Poeta. Considerado o melhor autor Espanhol depois de Cervantes. Fuzilado por uma Espanha católica com medo da novidade e da diferença.
No meio viveu em Valderrubio. Perto de Granada e local que dá nome ao encontro 2 de um viaduto onde estive a trabalhar.
A caminho para obra via umas placas sobre ele. Casa museu, sítios lorquianos, etc.
Sábado. Um Sábado. Um Sábado de uma semana em que o meu estimado punhal ficou em Lisboa para ser reparado. Um Sábado em que tinha ido à obra pela manhã e ia passear pela tarde. Um Sábado em que andava com um VW Polo. Um Sábado em que a neve na serra Nevada atingia records. Um Sábado em que, pela primeira vez em duas semanas, não chovia. Um Sábado.
Saído da obra e almoçado, decidi ir averiguar então os tais dos sítios lorquianos e a casa museu.
Casa museu: fechada!
Bom, decidi então que iria ver os tais sítios e, depois, faria uma anunciada aqui e ali rota das fortalezas.
Saído de Valderrubio direcção Fuente Vaqueros uma placa indicava uma tal Fuente de la Peña à direita. Sabem como sou... Não me foi fácil virar à direita, mas desta vez tinha de ser.
Virei e andei. Andei eu, não! Andou o tal do Polo. Menino de cidade pouco habituado às rotas que eu lhe propunha. Despreocupado não via a tal fonte. Continuei. O asfalto acabava. Eu, continuava. As poças e a lama aumentavam. Eu, continuava. O Chopeirais intensavam-se. A lama adensava-se. Eu, continuava. A lama parecia tomar conta do meu campo de visão. Eu... comecei a ficar preocupado. Um espacito sem lama e travão. Parei e inverti o sentido da marcha. Olhei, ponderei, pensei, acreditei. Podera! Se não passasse de volta como é que ia sair dali?!
Arrisquei. Primeira, segunda. Assim não patina e tem melhor tracção. Mas eis que de repente, como que vingança da Espanha por considerações de tacanhice feitas por mim e pelo Fred, e como que por artes de magia, o citadino Polo começava a tomar um rumo diferente do que lhe impunha eu, as suas rodas, o seu motor e até mesmo, por impossível que pareça, a gravidade. Ok, vá esta última não... isso é só lá para os lados de Sintra...
Fugiu, escapou, travei, derrapou, PUM! De notar que a velocidade a que eu transitava não deveria exceder certamente os 4km horários. Ainda assim: PUM!
5 km a pé até Valderrubio. Mais uns quantos à procura da Alcaideza. Mais uns quantos à procura da Grua de Valderrubio. 1 hora de espera pela Grua de Pino Puente. A de Valderrubio deu-me borra!
Trabalhos de desatolamento. Lama e mais lama. Nas botas, nas calças, na camisola, Até na carteira fiquei com lama. O habitáculo esse, um lamaçal.
No fim, 100 euritos pelo serviço, um cumprimento e uma recomendação de lavar as botas numa autolavage de alta pressão.
Entrei no carro. Lavei o carro. Jantei. Bebi uma Alhambra. Dormi. Domingo... fui passear... mas sempre em asfalto!
Coitadinho do Polo... Na cidade não há passeios destes!


With love from Valderrubio,
Marco

O luto do punhal...

Em tempos idos comprei um carro. Um renault 19 que fazia inveja a muitos... Cinzento metalizado com linhas modernas, aerodinâmica quase espacial, e um motor que nunca parava. Mesmo depois de 50 000 Km sem trocar de óleo. Mesmo depois de 6 anos de minha propriedade. O carro não parava. Excepção feita a uma ou duas ocasiões em que, por problemas eléctricos, teve de ser passageiro de um primo do Tom Mate... As características do dito automóvel eram de tal forma impressionantes que foi orgulhosamente apelidado de Espada!
Anos volvidos e o seu proprietário embrenhou-se numa aventura laboral que implicaria a realização de demasiados km para um velhinho e talvez um pouco maltratado Espada. A decisão complicada surgiu. A necessidade de adquirir um substituto nasceu. O estacionamento definitivo do Espada parecia quase certo. Enfim... Vai andando longe das épicas jornadas que em dias o levaram às luzes da ribalta das revistas de todo-o-terreno ou mesmo do jornal interno da Renault. Mas para os efeitos da minha relação com ele, está estacionado.
Várias hipóteses de substituição, dois meses com carros alugados (recomendo a todos a aquisição do Mercedes Classe A, dentro do seu segmento, uma rainha sem contestação!), e vai de completar o que seria um óptimo negócio. Um carro fiável, resistente, duro, duradouro e claro, gastadeiro. Assim se descrevia o automóvel que viria a ser o substituto do Espada nas minhas épicas jornadas automobilísticas. Comprei então um Opel Astra 1.4i. A descrição é forte. Bom motor, franca cavalagem, e uma capacidade de viajar a 160 km horários claramente superior à do Fiat Panda! Mas mesmo. Bom carro!
Por ser mais curto, prontamente o apelidei de Punhal, alcunha a que ele respondeu afirmativamente com três gazadas involuntárias!
Estávamos então no festivo mês de Dezembro e eu estacionado entre Málaga e Bilbao. Não visitou nuestros hermanos em 2008. De passagem de ano em Segura a viagem foi o seu primeiro teste. Passeios quase de TT e, claro, uma viagem de Queijas a Segura em pouco mais de 2 horas conferiam-lhe o seu primeiro rubi no cabo, e, naturalmente, a sua primeira condecoração. Estava contente com a minha compra.
2009 chegou e com ele a minha programada deslocação a Málaga. Viagem calma, com alguns excessos, mas sem incidentes. As valentes sapatas que calça davam-lhe uma estabilidade confiante e o seu poder de disparo garantia subidas e descidas ao mesmo ritmo. Mantinha-me bem impressionado.
Voltando a Lisboa a primeira falha... Uma vela a falhar levava o seu motor a coxear de uma pata e a trabalhar só com as três restantes. Lá chegou a Lisboa. Lá recebeu um conjunto de velas qual criança de quatro anos e, com alegria, voltava a Espanha. Desta feita para terras da Romã.
Viagem de volta mais uma vez e, espante-se, de novo coxo de uma pata. Simplificando o complidado, foi arranjado e voltou à estrada. Maleita? Válvulas queimadas, junta queimada, cabos de velas velhos e mais uma ou outra coisa. Resultado? Mais do que vale o Espada!
Reparado e inpesccionado de fresco voltou para Espanha. A caminho das romãs pela rota da prata algures num km 747 de uma auto-via, dava-se o estrondo. Pum, pum, catrapum! Ouvi e senti debaixo do carro um verdadeiro carnaval de pólvora! Olhei para fora e, surpreso, vi que o nascer do dia se tinha mudado para a parte inferior do Punhalito. "Ai que esta cena se incendeia!!" Motor prontamente desligado seguiu até ao seu descanso. Outro primo do Tom Mate apareceu, um Taxi surgiu, e a separação proporcionou-se. Punhal de volta para Portugal. Eu, seguindo o meu rumo numa longa viagem de 250km de taxi. Dormi. Relaxei. Pensei.
O que é que eu faço a este carro!? Não sei.
O que é que eu fiz para merecer isto!? A esta sei a resposta!
Nem sempre a razão se deve sobrepôr ao coração e, no meu coração não há dúvidas, o meu Espada não me faria isto...
Mas pronto, deixo-vos uma boa imagem, de um bom momento, do que foi um bom carro!


With love from Sta. Olalla (km 747 da A-66)
Marco

La folie!

Carnaval!
Eu gosto! Sou um folião por natureza. O Carnaval dá-me asas e permite-me fazer as maiores parvoíces saindo naturalmente incólume de todas as pequenas tropelias que possam ocorrer-me.
Este ano não foi excepção.
Frente à decisão de permanecer fiel aos Cabeçudos ou arriscar nos pescadores eu e mais três foliões decidimos que iríamos inovar no Carnaval de Sesimbra.
Vai daí Rossio. Preparação. Uns euros gastos, pés cansados e uma bela açorda no bucho e estávamos preparados para o que desse e viesse.

Aproveito a ocasião para recomendar a todos uma visita aos centros comerciais do Martim Moniz. Verdadeira pérolas interculturais permitem ao Lisboeta incauto aperceber-se da verdadeira dimensão e utilidade da colonização portuguesa. Tanta variedade, cor, cheiros e estranheza apenas nos podem provocar sensações de bem estar com a pluralidade da paleta humana, em particular do mundo português. Gosto!

19 horas e a arrancar para Sesimbra na promessa de uma noite bem passada com amigos e desconhecidos.
Dia de bola. A bola rompeu-se. Pouco importante. Os petiscos, a cervejola e o xiripiti mais português e velhinho deixou-me pouco marimbando para as aventuras e desventuras de treinadores calamares em terras lusas. Para mais, o choco frito estava bem bom!
Meia noite e corridos dos petiscos. Uns mais tombados que outros, mas todos com incomensurável alegria! Agora sim, vamos brincar ao Carnaval!
Na marginal um palco encomendado para o efeito dava as cada vez mais tradicionais brasileiradas aos foliões. Pezinho de dança, palhaçada, cervejola, cigarrito, pezinho de dança, fotografia, cervejola, fotografia. Já mais a cem que a dez vimos o concerto terminar e a multidão em direcção à sociedade! Bora lá! Chegados à porta uma multidão esperava o mesmo que nós. Entrar, dançar, beber, rir e claro... brincar ao Carnaval! A máquina ficou sem bateria, mas a alegria movia a equipa!
"Luís, Luís!!!" Berrei em direcção ao portas! Não era Luís, era Eduardo. Dá-me igual!
Conceito Tina Turner no concerto de Metallica no Restelo em anos idos. Dois jovens gritavam pela Tina (tinha dado concerto no mesmo espaço dias antes) enquanto avançavam em direcção ao palco. A multidão, baralhada, deixava-os passar num misto de perplexidão e simpatia. Comentei na altura "que granda truque!". Responderam afirmativamente. Em menos de 5 minutos chegavam às grades. Aprendi um truque que até hoje me acompanha!
Na porta da sociedade o truque resolvia mais uma vez... perplexos deixavam passar os quatro que conheciam o Luís que estava à porta. Mais ninguém conhecia. "Devem ser amigos! Dominam esta cena toda...". Não duvido que fosse este o pensamento que reinava nas cabeças dos incautos simpáticos que nos davam os seus lugares na fila! 2, 3 minutos e o Eduardo corrigia-me o seu nome. Perfeito! "Somos 4!"
Entrámos. Dançámos, bebemos, brincámos, rimos, foliámos com pessoas desconhecidas como só é possível em duas ou três noites por ano. Mas nesta noite é especial! Não conheço, não quero conhecer. Apenas brincar, brincar ao Carnaval!
Gente mais conhecida, gente menos conhecida. Gente gira, gente feia. Gente em pé, gente caída. Gente de cerveja, gente de água. Tudo!
7 da manhã. Volta. O punhal distribuía e finalmente descansava. Ele e, claro, eu.
Foi mais um Carnaval dos bons!
Sesimbra tem mais encanto na hora da folia! Hehe!
Este Carnaval foi assim, o próximo... Será diferente. São todos!



With love from uma sociedade de Sesimbra,
Marco

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Moral do Carnaval

Voltei há pouco de brincar ao Carnaval em Sesimbra. Sim, foi giro e tudo mais. Bom ambiente, companhia agradável, música invariavelmente brasileira, e claro, uns valentes copanázios!
Depois de toda a noite uma questão me vem aos dedos:

Alguém sabe onde deixei a minha VOZ?!

Raios....

With love from Sesimbra,
Marco

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Gibraltar - vá...

Em Málaga fui interpolado por uma jovem do Ayuntamiento que me fez um inquérito sobre o turismo em Málaga. No final perguntou-me: recomendarás a teus amigos/familiares/conhecidos que venham conhecer Málaga? Respondi: De propósito aqui só para ver Málaga? Respondeu: Sim. Afirmei: Não.
Fui categórico. Tem coisas giras. Tem. Mas de propósito só para isso? Vá... vão a Bragança. Vão a Fornos de Algodres. Vão a Estremoz à gastronomia dos Ganhões. Quem me conhece que essas seriam recomendações ao meu nível. Agora a Málaga? Bilbao recomendo a todos. Bela cidade, bela gente e deixa saudade. Agora Málaga? Tenham juizo! Lá porque têm um aeroporto a ser aumentado... Não justifica só por si. Não.
Gibraltar.
Já falei mal. Já fantasiei.
Mas verdade seja dita, tem o seu g de interessante. Sim, tem g, porque q não tem...
A ponta da Europa. Triste. É. Mas fascinante a paisagem. A vislumbração de África no horizonte. A quantidade impressionante de navios no porto e ao largo. Impressionante.
A Upper Rock. Espécie de parque natural/cultural. Caro o acesso? Sim. Compensa com o que se ganha em tabaco e em gasolina. Os macacos? Engraçadíssimos. A gente? Não me parecem ter identidade própria. Mas não importa. Afinal, quem ali vive será inglês? Espanhol? Marroquino? Não é fácil. Compreende-se. A cidade é mesmo feia. A quantidade de elementos balísticos é estranha, mas compreensível. Um pouco como a gente, não?
Árabe, nota-se. Espanhol, nota-se. Inglês, nota-se.
O Rochedo? Impressionante. Mesmo impressionante. As falésias. Igualmente impressionantes. A paisagem. Mista. Estranha talvez a melhor definição.
Os túneis? Estranhíssimos!
Tem de tudo. Belo, muito belo. Feio, horroroso. É um local de contrastes entre o impressionante e o estranho.

Se recomendo a visita a amigos/familiares/conhecidos?
Sim. Acho que vale a pena. Só por Gibraltar? Sim.
Estranho, mas impressionante! Isto é Gibraltar!
Não se fiem só no que escrevo, vejam pelos meus olhos também!

















With love from Gibraltar,
Marco

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Jerónimoooooo!!!!

Tudo se passa a 24 de Janeiro de 2009.
Sei que vai tarde, mas tem sido um corropio. Hoje, sábado, dia 8 de Fevereiro do ano supracitado, são 23:55 e eu estou no quarto do Hotel Ruta del Puniente em Cuesta de Palma. Sei que devia ir beber um copo, mas não gosto de San Miguel nem de Mahou! O corropio acabou!
Dia 31 de Julho de 2008 completei a feliz idade de 28 anos. Sim, 28. porque se completei, tem de ser 28, né?
Nesse mesmo dia um email dava conta de uma prenda que nem esperava nem nunca seria capaz de retribuir.
Uma amiga querida de longa data, em nome de uma amizade estranha mas nunca em dúvida, lembrou-se de me mandar saltar de um avião.
Acho que há formas mais simples de dizer a uma pessoa "vai morrer longe!", mas esta foi a dela... A prenda consistia num salto de queda-livre em Tandem. Que prendaça! Logo em euforia, divulguei aos quatro ventos o feito desta desmiolada que me queria ver voar!
Tinha um prazo de validade de 6 meses e um catch por demais relevante: tinha de ter menos de 100Kg, com 10% de tolerância. Na prática tinha de estar abaixo da mítica meta dos 110 Kg.
"Tarefa simples", pensei. Eliminar 5 Kg em seis meses é brincadeira de couve. Muita couve e estava resolvido!
Dias, semanas e uns meses passaram e eu embarquei numa experiência profissional que me levaria a comer tão mal que me parecia que iria mesmo bater os 100Kg... que disparate! Organismo refeito e palatino adaptado e cá vai disto! O menino depois do Natal tinha valorosos 113Kg. Com o final do sexto mês a aproximar-se vertiginosamente vai de marcar o salto e dar um prazo ao dietista. 24 de Janeiro de 2009. Nada a fazer.
Uma semana antes, em casa, em cima da única balança em que confio, lia os 113Kg com certeza que não era nada que uma semana a salada e peixinho não resolvesse.
Mais uma vez... que tonteria! Chegado a Cuesta la Palma deparei-me com uma cozinheira capaz de me fazer comer mais que na cantina da FCT! Controlado mas esfomeado voltei ao lar de São Domingos para verificar que aquela que não mente também não mudava de opinião. Os 113 mantinham-se!
A chuva de 23 de Janeiro abriu-me uma réstia de esperança de evitar a humilhação. "Liga p'ós gajos a ver se podemos saltar com este tempo!" resposta: "amanhã está limpo!". E o peso? "Estou com 113... vê lá que é que eles dizem..." mais uma vez: "Há vento, não há problema!" Raios... há vento? e se o vento parar? Bom... se eles dizem...
Um bichinho começou levemente a mexer-se no alarve do meu estômago. Ai, ai, ai... vai ter de ser mesmo!

24 de Janeiro de 2009.

Acordo bem disposto e com um estupor de uma dor de cabeça que nem vos digo! Nervos? Nada! Porra da cerveja, vodka e sei lá mais o quê que me lembrei de beber na noite antes!
Banhoca e vá... porta fora direcção Amoreiras para recolher a outra passageira da SkyDive (este momento foi patrocinado pela SkyDive, escola de para quedismo). Os dois a bordo do punhal perguntei se tinha alguma coisa para a dor de cabeça. Nada. Estava destinado a ter uma valente dor de cabeça nos últimos momentos da minha vida... pré-salto (calma.... sem fatalismos).
Direcção a Évora um ligeiro atraso começa a apoderar-se de nós. Tentei contrariar com ligeira aceleração mas o cabresto do punhal já acusava maleitas (conto-vos depois). Não passava dos 120 e iríamos chegar atrasados. Não deve haver problema. "Estou a ficar um bocadinho nervosa." "Irra, vai-te encher de moscas! Não te quero cá com nervos! Não penses nisso que daqui a nada já está!" "Ok, a ver vamos!" Gosto de gente assim. A ver vamos! Podemos mandar-nos de um avião, de o topo de um edifício, ou mesmo lutar com crocodilos. O importante é que não se pense no que se vai fazer até já estar feito. É o meu estilo, é o meu truque. Resulta? Saltei, não saltei!? Pois... ainda não sabem se saltei. Mas saltei.
Com um bichinho no lugar onde deveria estar um almoço cheguei ao aeródromo de Évora. Pergunta aqui pergunta ali e lá demos com o Hangar 4, sede da SkyDive (momento patrocinado... já sabem...). Uma festarola no Hangar ao lado, uma data de gente a passear no aeródromo (???) e uma malta estranha mas calma no Hangar 4. E claro, um tal Silvério que passava de 20 em 20 segundos com uma bucha na mão. "Porra, muito comes tu Silvério!!!" grita um jovem enquanto se dirige a nós. "Estão aqui para o salto?" "ISSO" respondemos em coro. "Mas achas que ELE vai poder saltar?" "É matulão, mas o vento está forte, não haverá problema e, se houver, uma coisa de garanto: lá em cima não fica!" Reconfortante... falavam aqui do matulão como se o matulão não estivesse ali. Nos filmes há muitas cenas assim, já sei como se sentem as personagens visadas.
Papelada, cigarros, breafing, cigarros, espera, cigarros, café, cigarros e por último, equipamento, cigarros e piadola "fuma, fuma que nunca sabes quando é o último! Hehe!" Hehe os toma... Sei que este não é porque tenho o maço cheio!
Alguns cigarros, talvez alguns a mais, mas a espera foi tremenda e não havia nada para fazer, só por isso. Ainda tentei jogar um Sudoku no tm, mas o barulho dos motores dos aviões desconcentravam-me!
E ai estava ele. Equipado!


Pois... também me pareceu. Só isto?!
Se é assim, ok!
Beca beca coiso e tal e lá está o avião donde nos vamos mandar! O piloto? O insaciável Silvério que, de bucha em bucha e voo em voo lá ia passando o dia!


Sólido? Claro!
Entrámos. Nós e mais 15. Era a festa do avião! Não... não nesse sentido, seus ordinários! A dor de cabeça amainava, mas ia moendo...
"Esta cena vai dar-me aquela cena do estômago a descolar. Vou-me borrar todo com esta mer%$!" Não... nem cena no estômago nem nada. Tranquilo!
Levantou, tranquilo; subiu, tranquilo; saltou um para fazer um recado, tranquilo; chegou a hora de meter os óculos, agora é que são elas! Já está. Não há volta a dar! Se eu me acobardar agora sou um menino! Mantém a tranquilidade, por favor! Inspiraaaaa!!!! Tranquilo!
"De joelhos até à porta", disse o João. Parte do breafing tinha sido a explicar esta parte. Outra parte a explicar depois de saltar e, a maioria a fazer piadas sobre as tantas formas que se pode aterrar não acordado, principalmente se se pesar mais de 100 Kg. Que breafing. Ajoelhado, já de cabeça de fora do avião, lembro-me de ter pensado... "Como é que é agora? Será que sou eu quem dá o impulso? É ele? E como é que saímos? Vou bater com os joelhos? Olha... o aeródromo tão pequenino lá em baaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..."
Qual Jerónimooooo qual quê!!! Calei-me. Vi. Senti. Ouvi. Mas acima de tudo Senti. Frio. Muito frio. Mais ou menos 16 graus negativos. Acho que nunca senti tanto frio e, no entanto, não o senti! Senti vento. Muito vento. Na cara, nas mãos, nos pés, no corpo todo! É mesmo muito vento. A dor de cabeça? Não senti. Nem nesse momento, nem nos seguintes, nem depois. Desapareceu!
É louco? Não. É a puta da loucura! Isso. É mesmo!
4200 metros de altitude. 50 segundos até aos 1300 metros. E depois? Pfffffff... Imaginem o som. Imaginem a sensação. Leveza inacreditável que leva a asa a abrir e o nosso corpo a voltar a sentir a gravidade. Os ouvidos voltam a funcionar. O sorriso é impossível de conter. A alegria é tremenda.
Não sou eu, mas poderia ser!


10 minutos. Chão. Aterragem? Espectáculo. Conclusão?
QUERO MAIS!!!!!
Obrigado Silvério, obrigado SkyDive, obrigado João.
Mas acima de tudo...

Obrigado Patrícia.

With love from La Palma (Cuesta, calma...)
Marco