quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Surpresa!!! mas não tanto...

Um Domingode Setembro. Depois de uma viagem alucinante pelas ruas de Fortaleza, chegava ao Aeroporto Internacional. Alucionante por várias razões... Só nos 50 km que separam o que foi a minha casa por quase dois meses e o dito aeroporto encontrei 3 acidentes mortais, 5 manadas de vacas tresmalhadas, 8 manadas de ciclistas tresmalhados e 45 cardumes de cearenses ao volante... É mesmo alucinante!
Entrado no aeroporto a surpresa do costume. Uma fila quase interminável aguardava o check in da TAP. Contestei a ausência de disponibilidade do check in online na esperança do jeitinho de me passarem para o balcão da executiva... Nada feito. Nesta hora o meu sotaque já não me servia de nada. Havia muitos a falar estranho como eu... Decisão fácil... Vou fumar um cigarro! E outro! E outro! Voltei para o interior de aeroporto e já só havia 5 pessoas na fila. Óptimo! Aqui vou eu. Mala no tapete e.... PIPIPI! A sua mala tem 39 kg. E?, perguntei. Ahhh A sua tarifa só lhe permite 23kg. Ups! Conversa aqui, conversa ali, último no balcão do check in, vôo a atrasar-se por minha causa, a minha rede... ok, vou deixar passar! Não quero é que fique sem a sua rede! Espectáculo!
Sete horas e meia depois estava a aterrar no Aeroporto Internacional da Portela! Mais umas horas e estava a recolher o meu carro destas semanas. Mais umas horas e estava a jantar com o meu pai. Mais umas horas e estava a caminho de San Sebastian.
800 km depois de passar o Estádio do Glorioso (granda Benfas, hein?!?) uma placa anunciava num idioma completamente imperceptível a entrada numa das comunidades de Espanha. Travei! Fui obrigado a travar! Quem me conhece sabe que não sou muito de travar. os travões comigo duram mais do que o carro. O espada que o diga... Mas travei porquê? Não, não havia um acidente. Não, não estava um mata-velhos na faixa da esquerda. Não, não vinha nenhum velhinho em sentido contrário depois de ter entrado em Torres Novas. Não, não apareceu nenhuma manada de vacas trasmalhadas no meio da estrada. Não, não vi uma bela mulata com um peito escultural só para depois me aperceber que era um mulato (houve dias muito bizarros na terra do Forró!!!). Não. Não era nada disso. Tudo o que possam imaginar... não era! Era uma surpresa que me tinham reservado. A mim. Sim, a mim!E creio, só a mim! Em pleno Setembro. Acabadinho de chegar dos trópicos. De calcões e camisa de manga curta. Já começam a ver o que me fez travar, né? Não! Não estão a ver! Porque estão em Portugal! Onde isto não acontece aos dias de hoje!!!
Foi a minha mensagem de boas vindas. A mim, que me esqueci de casacos e impermeáveis em Lisboa. A mim, que a peça de roupa mais quente que trouxe foi um pijama de flanela que uso para limpar o monitor do portátil! A mim! Porquê a mim!??!?!?
Pois é... Era o País Basco a dizer-me na sua forma muito sua: Benvindo! Então porque travei?
Chovia...

With love from Euskadia,
Marco

domingo, 6 de setembro de 2009

Acordo!? Só se for de facto um acto de paz literária!

Preparem-se os leitores, utilizem-se os óculos de ver de perto, evitem-se posições ergonomicamente incorrectas; este post promete ser longo...
Sábado no Cumbuco. Quatro da manhã. A noite no Cumbuco acaba hoje mais cedo que o normal. Sem explicar o porquê, hoje foi uma noite diferente. Uma noite mais à minha imagem. Uma noite de copos e, a partir de certa hora, tertúlia. Tudo seria mais simples se tivesse levado o meu caderno. Tudo seria mais simples se não tivesse bebido o que bebi. Tudo seria mais simples se fosse uma noite como as outras. Mas não foi...
Sozinho, fui jantar ao Gaúcho... Sem exagero, a descrição que me tinham feito não peca por escassa: "A melhor carne que já comi!!" Seja feita homenagem ao homem e ao seu talho... Porra! A carne é mesmo boa!
Não é porém do Gaúcho que venho escrever...
O ano passado, em Lisboa, grande e querida amiga ofereceu-me convite para Seu Jorge. No camarote da TSF vi e vibrei. Não haja dúvidas... Sou fã! Prova seja a foto recordando o momento que, num estado não menos alterado que o de hoje, em Fortaleza, corri para ele pedindo a foto que a Mak fez o favor de tirar (... Mak... recordem por favor...). Gosto de Seu Jorge. Gosto de Ana Carolina (mas gosto mesmo...). Gosto de Martinho da Vila e de tantos clássicos da geração do Tom que encheram o mundo de músicas e ritmos inigualaveis. Ritmos brasileiros. Ritmos de samba, de choro e de tantos outros estilos que apenas deles são. A verdade é essa. Não há no mundo estilo como o brasileiro. Seja ele de música, de teatro, de cinema ou mesmo de vida. Eles são eles. Próprios e individuais. Ninguém no mundo põe isso em causa. o Brasil é o Brasil. Único e especial
De volta ao Coliseu de Lisboa esse meu admirado cantava as suas versões de David Bowie. Adoro. Sincero. Acho que gosto mais do que das versões originais... Entre uma e outra decidiu mudar. Se a memória não me falha decidiu cantar a Hagua, do Samba Esporte Fino. Antes de saber que música vinha aí, ouvi eu, e mais os outros todos, o discurso que tinha para nos fazer. Entre lugares comuns normais numa situação como a que era, decide defender os Índios. A mim pareceu-me bem. Coitados dos Índios... todos lhes dão porrada e não têm como se defender... Haja alguém que fale por eles... Mas de repente surgiou... E os portugueses "isto e aquilo"... Alto e pára o baile. Apupo geral no Coliseu. Seu jorge, de quem eu sou fã, Carioca, dizendo que os Portugueses foram um "mau negócio" para o Brasil... Bateu-me mas passou-me... Era para o choque, preferi acreditar... Agora em Fortaleza não tive nem tempo nem engenho para o questionar sobre o assunto... Enfim, dificilmente me iria surpreender ou mostrar a luz...
Hoje foi sábado. Vi o Brasil ganhar à Argentina pela cabeça do Luisão. Pelo menos no primeiro golo... Comi uma alcatra de vaca brasileira (cruzamento de limusine [será assim??] e buffalo africano), bebi cerveja e acabei a noite em dois bares. Um de um francês e um de um holandês. No final mesmo no do holandês. Sentado no balcão à espera de acabar a Antártica que tinha pedido foi com surpresa que recebi a pergunta "Paulista? Tem cara de Paulista!" Respondi com naturalidade... Português. E tu? Claudiana, brasileira, trabalha na Holanda e está no Cumbuco de férias. Falámos. Disto, daquilo, de Portugal, da Holanda e, claro, do Brasil. A classe política do Brasil e a inércia do povo em lhes dar um tiro nos cornos a todos... Sem excepção! Se estamos convencidos que os nossos são maus... é porque não sabemos o que se passa deste lado... Pergunta a um deputado federal: "Que acha do ministro da apicultura?" resposta: "Está a fazer um óptimo trabalho. Eu sou grande amigo, mas de momento não de lembro do nome dele..." Como me parece óbvio... MINISTRO D APICULTURA!?!??! Está tudo louco?!?! É claro que tal não existe. Poderão ter pensado: "Porra... Têm um ministro para as abelhas? Deve ser bom negócio..." e com todo o direito... Mas ninguém que vá ler isto é deputado federal no Brasil... Pois.. Não existe tal ministério, mas muitos deputados estavam convencidos que sim... (pausa para dormir... a ver se amanhã consigo cumprir...

To be continued....