quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estação lunar?

Será uma estação lunar ou simplesmente uma obra de fundações?!
Aposto na segunda, mas eu tenho informações da base...


With love from the Guadalhorce bank,
Marco

Esperança

Coisa engraçada, a escrita. Há meses, vá semanas, que ando para escrever um post sobre um tema. Writer's block, não tenho conseguido. Hoje, na obra, liguei o msn. Frases saíram fluentes, linhas atrás de linhas escrevi o que me apeteceu. E o que não me apeteceu também. Já disse que há bocado começou a chover?!
A bandeira, a nossa bandeira, tem três cores. Principais são três. Uma é a esperança. Mas que esperança?! Representação estilizada da bandeira em mesa de restaurante colocou um vermelhão enorme (compreendo, Benfas!), um amarelo proporcional, mas um verde do tamanho de um rasgo de folha de alface. Explicação. A esperança é pequena.
Nesta estranha labuta que levo, fui iniciado às questões da gestão transcultural de recursos humanos. Aparentemente um disparate das Sociais e Humanas, acabou por ter alguma piada e me abrir os olhos para algumas coisas interessantes que vejo, em Portugal e, claro, em Espanha. Talvez em Portugal numa perspectiva de desafio face às ideias pré-concebidas sobre nós, portugueses. Em Espanha numa perspectiva de "ver se encaixa". Encaixa na perfeição. Um Espanhol dirá certamente o mesmo sobre os Portugueses.
Mas afinal o que diz essa tal lenga lenga da "transcultural não sei quê"?!
Pois bem, tempo tenho e, como sabem, gosto de explicar coisas (hehe, já lá está no perfil... topam!?), portanto... ora bem (forma como outra qualquer para começar uma exposição e, para mais, da qual eu sou fã!):
Diz um sujeito de seu nome Hofstede, Holandês, que uma sociedade (ou uma cultura) pode ser caracterizada por quatro parâmetros ou dimensões. Eles são: Distância de poder; Individualismo versus colectivismo; Masculinismo versus femeninismo e Aversão ao risco.
Portugal está a meio da tabela dos paises fixes e a Guatemala está em primeiro lugar. Nã.... brincadeira. Não há paises fixes nem menos fixes. O que há são 4 dimensões. Que tentam refletir diferentes tipos de sociedade e cultura.
Como se cota então um país!? Comparativamente. A única forma. Tendo por base uma sociedade que conhecemos bem, e sabendo os valores de um determinado parâmetro, podemos tentar perceber o que há noutro país naquela dimensão cultural.
Concretizando. Distância de poder. Portugal tem uma distância de poder de 63. A meio da tabela. Isto quer dizer que encaramos os chefes como chefes, mas ainda assim lá os vamos desafiando e achamos que um dia podemos lá chegar. Paises nórdicos, por exemplo, têm este valor muito baixo. Todos acreditam que podem chegar a chefe. Na Malásia, este valor é máximo. Quem nasce da cepa torta, jamais se vai endireitar.
Individualismo. Portugal é anfitrião de uma sociedade altamente colectivista. Das mais colectivistas do mundo. Isto quer dizer que, por exemplo, para me ganhares, tens de ganhar os meus amigos. Eu presto atenção ao que eles dizem e, se para eles estarem bem eu tenho de estar um pouco pior, então até pode ser. O grupo, o meu grupo, existe e não é exclusivamente composto por mim. E pelo meu grupo, seja de que tamanho for, mas tendencialmente grande, eu farei o possível e até mesmo o impossível. Ingleses, por exemplo, altamente individualistas, acreditam no seu núcleo (por oposição a grupo), farão o possível para que as suas conquistas pessoais existam, não se preocupando tanto com o núcleo, mas sabendo que, em última análise, o seu êxito será também do seu núcleo. Não é altruismo nem egoísmo. São formas de chegar ao mesmo ponto. Uma por um lado, outra por outro.
Masculinismo. Não somos machos. Não somos. Ok, portuguese do it better! Mas a sociedade portuguesa é feminima. É mau!? Nem bom. É uma forma de ser. Somos ligados às relações interpessoais. Somos latinos. Temos preocupações sociais, mesmo que mascaradas ou limitadas por uma parca capacidade financeira, mas temos.
Por último, Aversão ao Risco. Somos a par com a Grécia (!??!) a sociedade com maior aversão ao risco. Ora este ponto é-me particularmente sensível. Então o povo que em vez de continuar a cavar e a apanhar castanhas para comer com o porquito se aventurou pelos mares tem forte aversão ao risco?! Temos medo da inovação e do que é diferente!? O que me leva de volta à esperança...
A esperança é curta. O medo de arriscar é grande.
Vamos trocar as cores. O vermelho seja a esperança e se mantenha assim mesmo, grande (Benfas!)! Que arrisquemos no que não conhecemos. Que inovemos no dia a dia e nas grandes decisões. Mas acima de tudo, que não tenhamos medo do que é novo. Que não punhamos de parte o que aparece só porque não conhecemos. A novidade pode dar desconforto. Pode. mas também pode dar coisas novas, bonitas, e que nunca antes vivemos. Por isso são novas!
O quinto império já foi. Os Descobrimentos ficaram na memória e na Praça do Império. Mas as descobertas essas, são as que nos podem dar um dia novo, um depois do outro. Novo, diferente e, quem sabe, melhor!

With love from Um admirável mundo novo,
Marco

'Cause the times, they are changing

Liguei o portátil. Liguei o Outlook. Liguei o messenger (ferramenta porreira, pá!). 88 contactos offline. OI?!?!??! 88 contactos offline!??!?! Estão a brincar ó quê!? Hein?! Nem unzinho online? Nada?
Não que fosse falar com ninguém, não ia. Não que esperasse 70 contactos online e disponíveis, não esperava. Mas todos offline?!
Um frio do caraças fez-me voltar para o carro. Entretanto, lá fora, uns 8 homens tentam desesperadamente introduzir uma camisa de 11 metros num terreno que só admite 6 (não interessa o porquê, como, onde, nem quando. Nao interessa o que é uma camisa nem para que serve. Não interessa nada disso. Quem quiser mesmo saber que me pergunte na sexta, sábado ou em qualquer outro dia e terei mediano prazer em explicar. Minto. Terei todo o prazer. Gosto de explicar coisas... vou acrescentar isso na minha descrição do perfil. Já estou a imaginar. "... Odeio chuva. Gosto de explicar coisas..." Podia ser... Vou pensar nisso!). Estão ocupados. Parecem putos com um brinquedo. Tentam isto. Não dá. Riem. Aquilo. Não dá. Riem mais. O Encarregado, divertido e meio frustado, ainda me parece ser o que ri mais. Eu, claro, rio-me também. Afinal de contas, parecem putos com um brinquedo. Homens feitos. Obral. Rir porque não se safam com a camisa... Interpretações que quiserem, tem piada! Ou pelo menos, hoje, às 06:00 eu acho piada. Admito que possa estar com um sentido de humor estranho. Das 8 horas que já aqui passei hoje, 3 foram passadas a ver o que é que se passa lá fora, 3 foram passadas a fazer o curso de espanhol, 1 a falar ao telefone com o meu paizinho e uma outra a falar no messenger com pessoas. Isso claro. Quando havia pessoas online! Mas sintetizando, 4 fora do carro e 4 dentro. Dentro, e a ouvir Depeche Mode. Não posso estar com um sentido de humor normal. Não posso!
Em tempos idos (O Lobo Antunes tem a cena da pontuação, eu é o "Em tempos idos", cada um tem as suas manias...) trabalhei num Centro de Investigação. Piadas possíveis à parte, tinha a mania que de noite é que se trabalhava bem. E a verdade é que para o tipo de trabalho que desenvolvia naqueles tempos idos (!?!?!?!) safava-me bem nesse horário. Tranquilo, pilhas de cigarros nos cinzeiros (Um só não chegava. Excepto quando o um era aquela malga de cerâmica fina que comportava uns 350 cigarros, aí dava bem... Alguém se lembra dessa malga de cigarros?! Espectáculo!), e pouca gente que me chateasse. Escrevia, programava, desenhava, enfim, o que fosse o meu trabalho, ali, entre as 22 e as 06 do dia seguinte, eu partia pedra (hehe).
Mas sempre, sempre, havia pelo menos 2 ou 3, por vezes mais, contactos online no messenger. E eu na altura até tinha menos uns 5 ou 6 contactos. Hoje, surpresa, não há! O que é que se passa com as pessoas?! Não percebo! Descobriram a função "Aparecer offline"!?, a net está cara e os pcs têm de ser desligados!?, ou simplesmente além de estarem a dormir, desligam essa cena!?
Estou completamente estaziado com esta situação (estaziado!? Eça! Estou contigo na cena dos neologismos! - viram o que eu fiz agora mesmo!? Literatura e gramática são cenas fixolas!!). Não concordo que 1) as pessoas se vão deitar antes de mim; 2) quando as pessoas se vão deitar desliguem o msn. Não pode ser! As pessoas que não desligam porque continuam de facto online, precisam de saber que há mais gente online no mundo. Mesmo que esse mundo se limite a 88 contactos do msn. Não interessa. Tenho um mundo pequeno mas é o meu. Não quero mais contactos. Não quero. Vá... se for o da Jennifer Aniston talvez pense no assunto... (Já estou a imaginar a Jenninha lixada porque aqui o Marco lhe rejeitou o pedido de contacto do msn... Não te preocupes Jenny, quando me convidares eu prometo pensar se aceito ou não...) Mas quero que os meus 88 contactos se mantenham disponíveis enquanto eu estiver online. Não é justo!? Ok, talvez não seja... talvez seja mesmo uma grande parvoice. Talvez. Mas neste momento parece-me perfeitamente lógico. Isso, a proibição da afixação de cartazes com a Manuela Ferreira Leite no território nacional (como é que vamos combater as listas de espera nos hospitais, se as pessoas continuam a entrar com problemas de saude graves, provocadas pela aparição da... já sabem... não me façam repetir...) e claro, que o Benfica ainda vai ser campeão este ano! Mas pronto... já são muitas horas com os Depeche... eu avisei!
Ora portanto, assim sendo, e porque neste espaço já deixei um repto e um apelo e ninguém me ligou puto, deixo-vos agora um.... vá... um pedido...
Não se deitem enquanto eu não me deitar. E se tiver mesmo de ser, deixem o msn ligado!
Cereja no topo do bolo.... começou a chover! Raios!

With love from somewhere cerca de Málaga,
Marco

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O escuro

Às vezes no silêncio da noite...
...TRABALHA-SE!
É isto que se tem passado no silêncio da noite. Isto e claro, sonhar acordado... a dormir não posso estar! Com isto com aquilo, sonhado com as coisas boas e a possibilidade de se tornarem más...
Queixas de horários e outras à parte, gosto de estar numa obra de noite. Estranho, eu sei, mas há qualquer coisa na luz dos holofotes e no silêncio de uma obra que me encanta.
Em outras ocasiões já me tinha acontecido, mas aqui, no Aeroporto de Málaga há qualquer coisa.
Durante o dia a azáfama é grande. Gente a correr, máquinas a trabalhar, camiões a passar, ferros a cair, ruído por toda a parte. É um mundo frenéticamente contagiante. Mesmo o mais calmo acaba por sucumbir à acção e a ter pressas desnecessárias. Tudo tem de ser resolvido naquele instante. Meia hora de espera é uma eternidade na produção e uma impossibilidade para qualquer um. Excepto, claro, para um determinado consultor cuja calma e aparente péssima condição física impedem de correrias!
Mesmo assim há dias... Há dias de calma e dia de euforia. Ontem foi um deles. Na obra fui Engenheiro, encarregado, fiscal e até servente. Engenheiro sou sempre, é condição. Encarregado da perfuração por impossibilidade do verdadeiro. Fiscal da segurança, ambiente e qualidade porque não quero cá reboliços! E servente por solidariedade. Um homem é um homem. Não se pode ver um homem aflito e não dar a mão. Ontem corri. Bem, não foi bem correr, mais um andar apressado. Ontem assobiei, gritei e sinalizei. Falei com todos. Do Engenheiro director de obra, ao servente que limpa a obra. Porquê? Porque meia hora é uma eternidade e há que resolver tudo em menos de um minuto. Possível? Nem pensar. Mas ainda assim as tentativas repetem-se todos acreditam que sim. Azáfama! Não sei de onde vem a expressão, mas de certeza que foi criada para uma obra de fundações!
Acabou o turno. Jantei. Acalmei. Respirei.
Às 00:00 voltei. Outro turno. Normalmente durante o dia, aquele troço de obra onde estou comporta cerca de 100 trabalhadores. Entre todas as categorias. À noite são... 5. Um operador, um servente, um fiscal, um encarregado da segurança e um consultor.
Que silêncio. A máquina faz algum barulho, é certo. Mas com tudo o resto desligado, focos de luz dirigidos e sem ninguém a gritar, não sei onde estou. Mas numa obra não deve ser. Fiquei fã.
Calma. Tudo se faz com calma. Não há pressas. Não há ninguém para apressar. Não há ninguém a quem entregar isto ou aquilo agora mesmo. Não há.
Os focos dão a luz necessária. Ali, na estaca, parecia dia. Ao lado, dois metros ao lado, era de noite. Atravessar estradas sem pensar que vou levar com um dumper. Dobrar uma esquina sem medo de uma Pá!
Não há luz. Não há ruido. Não há pressa. Faz-se o que se tem que fazer, quando se tem que fazer, como se tem que fazer.
Todas as obras deviam ser de noite. Assim, sim. Avançavamos!

With love from Málaga,
Marco

Luz...

29 de Abril de 2007.

Numa qualquer rua da soalheira Soajo o telefone toca. O meu Pai. Lembro-me que era comprida e que tinha um peso aceitável. 55cm? Seria? Lembro-me da sensação, não me lembro dos dados. Tudo estava bem. Tudo tinha corrido bem. Trabalho de algumas horas tinha levado ao aparecimento dela. Estava longe. Na outra ponta do país. Mas senti o que só nestes momentos se sente. A alegria que justifica a palavra família. A alegria que se sente quando se é Tio pela primeira vez.
O avô, babado. A mãe sonolenta. O pai estremunhado.
A petiz... brilhante. Brilhante como só se pode ser quando se vem da luz. Será por isso? Não sei, mas podia ser.
Por ser homem, são todos iguais. Velho conceito estabelecido por entre todos os que olham para os dos outros. São todos iguais. Verdade ou não, ela era diferente. Longe das crianças enrugadas e excessivamente vermelhas. Longe do choro e da debilidade de alguns. Não. Era forte, saudável e com o correctamente apelidado, pele de bebé!
Na semana seguinte visitei. Bruto, não sabia o que fazer, dizer, nem mesmo esperar. Repetitivamente incentivado pela mãe, peguei. Momento. Alegria. A alegria que justifica a palavra família. Tentando a ternura, mas com vícios de quem não a sabe expor, falhei no aconchego e devolvi à mãe.
Chorou. E que goela. Impressionante como uma amostra de gente consegue vocalizar muito mais ruido que o Olavo Bilac... Impressionante.
Passados quase dois anos partilhei experiências um reduzido número de vezes. Fruto de uma distância física dificil de transpôr.
Por razões que, classicamente, a razão desconhece, o Tio, aquele bruto, o que não faz miminhos em exagero nem entra nas clássicas brincadeiras com uma criança de 1 ano caiu no goto da garota. Chama por ele, fala com ele ao telefone (Xau Tio!) e sempre que o vê, num misto de vergonha com alegria, corre ao abraço das pernas.
Apesar da distância dificil de transpôr, há laço. Há familia.
Muito já escrevi sobre coisas mundanas e até extra-mundanas. Mas chegado foi o momento de vos falar da minha luz. Minha e claro de todo um núcleo familiar babado e rendido aos encantos da pequena Constância. Constante na alegria e na energia para a brincadeira capaz de deixar qualquer um pelo chão... Assim é a minha sobrinha!
Em tempos, pelo Natal, encontrou no meu colo uma fonte inesgotável de sono e comforto. Assumi essa posição e cedo dormiamos os dois ferrados num conjunto ternurento, familiar. Adorei.
No passado fim de semana a sua mãe cumpriu aniversário. A família acorreu aos festejos e claro, à visita da pequenita.
Como não podia deixar de ser, surpreendeu. Alegre, excitada e imparável, brincava com as amigas em completo extase!
Almoçámos, brinquei, brincámos e, ao final do dia, fruto de um dia imparável, descansou.
Assim é a minha sobrinha. Não sei como são as dos outros, mas esta é a minha e desta eu gosto muito!



With love from Oncle's land,
Marco