quinta-feira, 14 de maio de 2009

A ciência do Guarda-chuva


Chove. Tormenta, aliás! Aqui onde este mar começa e esta terra acaba faz um temporal do demónio!
Cabo de Creus de seu nome. A sua povoação mais extrema, Cadaqués. Granitos e Xistos. Clássico do Ordovícico (Raios! Ordoquem?). Olivais abandonados, olivais a produzir. Mediterrâneo. Casas brancas, casas de pedra. Xisto. Ruas limpas, casas estranhas. Como Cadaqués. Estranho, mas giro.
Voltando... Chove. Faz frio. Roupa quente? Não tenho. A bagagem que trazia está algures em Barcelona ou Lisboa ou Girona ou... Sei lá! Talvez amanhã. Mas isso são outros tantos.
Guarda chuva, né? Pois bem...
Fui jantar ainda há pouco. Terra de turismo, a lembrar o "very typical" tem a forte desvantagem dos seus turistas serem essencialmente da parte Norte da Europa. Resultado: é tudo caro comó raio! Pedi referências à garota da recepção do Hotel Tarongeta que me recomendou um restaurante de pastas, por sinal invariavelmente fechado, ou uma pizzeria no rossio cá do sítio. Não sou muito de pizzas nem pizzerias (excepto as do Manel, claro!), mas depois de passar os olhos pelas listas dos "very typical" tive de me render ao valor da moeda e correr para a pizzaria!
Entrei, pedi a lista e até tinha frango. Frango assado à espanhola, conceito diferente, mas teria de servir! Sentado na primeira linha de vista para o mar fui comendo um gazpacho e bebendo uma sangria. Lá fora chovia a cântaros, dos grandes, tipo ânforas de azeite, coisas mesmo grandes! Na esplanada protegida não chovia, mas que frio fazia... Lá fora... chovia... E eu? Sequinho!
No hotel, antes de jantar, força das ciscunstâncias pluviosas, pedi um guarda chuva emprestado. Segui para a La Gritta protegendo-me como podia do dilúvio quase bíblico. Aqui entra a ciência da coisa. Não houve dilúvio bíblico nenhum! Não há registos históricos alguns desse grande castigo divino! Não houve! Ok, são argumentos da ciência (Na minha ciência um "não é" é um argumento perfeitamente aceitável, ok?!) mas não era esta a ciência a que queria chegar...
Foquemos a nossa atenção no uso do guarda chuva.
Instrumento de forma estranha, lembrando Orbitolinas (Orbiquem!??!), podem ser definidos no espaço por funções matemáticas de complexidade não tão complexa (Isso é que era ciência à séria... era eu espetar aqui a equação de um parapluie!). Equações à parte é no seu uso que efectivamente se pode estudar toda a sua ciência.
Como usas o teu guarda chuva? Pergunta à partida totalmente despropositada tem, na sua essência, uma importância tremenda.
Tomemos então atenção aos estilos de chuva. a)Chuva molha tolos do tipo 1; b)chuva de meio litro do tipo 1; c)chuva 5 grama do tipo 1 (ciência é ciência e as unidades não têm plural!); d)chuva molha tolos do tipo 2; e)chuva de meio litro do tipo 2; f) chuva de 5 grama do tipo 2; g)chuva molha tolos do tipo 3; i)chuva de meio litro do tipo 3; j)chuva de 5 grama do tipo 3. Porra, tanto estilo de chuva e não incluí a cacimbada! Apresentados os estilos de chuva (menos o h que é mudo...) expliquem-se e apliquem-se então os guarda chuvas. De um ponto de vista genérico os tipos 1, 2 e 3 relacionam-se com a inclinação da precipitação em que o 1 é vertical e o 3 sub-horizontal.
a) Chuva molha tolos tipo 1
Uma chuva molha tolos de tipo 1 é aquela treta de chuva da qual só se protegem com intrumento as velhinhas e quem ainda não reparou que já parou de chover. Só depois de 3 horas debaixo da sua vontade é que se sente realmente que molha. Julgo que em apenas 30 segundos estraga horas de salão de cabeleireiro. Assim se explica as valhinhas, né? Solução umbrella? Não se usa, ponto!
b) Chuva de meio litro tipo 1
Gotas pesadonas, grandes, tipo com meio litro cada uma. Um bom instrumento resolve qualquer problema. Aplica-se o instrumento na vertical, com o varão vem encostado ao peito, e já está. Evitem-se as poças e nem parece que chove!
c) Chuva de 5 grama tipo 1
Gotas médias. Solução? Mesma que as gotas gordas. Chapéu de chuva encostado ao indivíduo e vamos embora! Sem dramas nem dilemas.
d) Chuva molha tolos tipo 2
Mesma solução que para o homónimo de tipo 1. Chapéu para quê s'isto não molha!? Isso!
e) Chuva de meio litro (ou de 5 grama) tipo 2
Gotas gordas (ou médias) ligeiramente tocadas a vento. Importante, em 1 minuto (5 minutos) estás encharcado! O guarda-chuva é, de facto de utilidade extrema (dá jeito um guarda-chuva...vá!). Caso de estudo: Cadaqués, 13 de Maio de 2009. Solução? Depende das pessoas. Ok, três tipos de pessoas. Os que não querem saber, molham-se e pronto; os que revelam uma total preocupação em não se molharem (autor incluido); e os que pensam que a simples utilização de um guarda-chuva os vai manter secos, mesmo que o guarda-chuva esteja fechado! Oi!? Pois é. Aqui é que se revela a verdadeira ciência da coisa. Um guarda chuva de 2 metros de diâmetro é um chapéu de sol. Mas vejo por aí muita gente que só assim se safava... Onde é que as pessoas andam com a cabeça quando pensam que para chuva inclinada a 45º podem manter o chapéu precisamente na perpendicular do tronco e com o varão a um palmo da cara? Claro, a cara não molham, a cabeça talvez não, mas... e as costas!? Um par de beefs ia à minha frente. A chuva vinha pelas costas. Eu, precavido, levava o chapéu inclinado para trás e relativamente alto para fazer maior zona de "sombra", resultado? Cheguei impecavelmente seco à Gritta. Eles, com aquela máxima de "ter chapéu é suficiente" estavam completamente encharcados, mas como não viam... tranquilos! Pá! Malta! A chuva molha! Pelo menos a deste tipo. E pode-se evitar com a utilização correcta do instrumento! Vá... vamos a saber utilizar o Guarda chuva, por favor!
g,i,j) Esquece... chuva tocada a tanto vento que parece que vem do chão! Chapéus há muitos e estão nos caixotes do lixo! Solução? Granda molha! Outra solução? Não saias e acende a lareira!

Meus amigos, já percebi que reptos e pedidos não funcionam neste blog...
Mas a boas palavras de ordem ninguém pode dizer não...

Chapéus de chuva Sempre! À toa Nunca mais!

With love from Cadaqués,
Marco