quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Surpresa!!! mas não tanto...

Um Domingode Setembro. Depois de uma viagem alucinante pelas ruas de Fortaleza, chegava ao Aeroporto Internacional. Alucionante por várias razões... Só nos 50 km que separam o que foi a minha casa por quase dois meses e o dito aeroporto encontrei 3 acidentes mortais, 5 manadas de vacas tresmalhadas, 8 manadas de ciclistas tresmalhados e 45 cardumes de cearenses ao volante... É mesmo alucinante!
Entrado no aeroporto a surpresa do costume. Uma fila quase interminável aguardava o check in da TAP. Contestei a ausência de disponibilidade do check in online na esperança do jeitinho de me passarem para o balcão da executiva... Nada feito. Nesta hora o meu sotaque já não me servia de nada. Havia muitos a falar estranho como eu... Decisão fácil... Vou fumar um cigarro! E outro! E outro! Voltei para o interior de aeroporto e já só havia 5 pessoas na fila. Óptimo! Aqui vou eu. Mala no tapete e.... PIPIPI! A sua mala tem 39 kg. E?, perguntei. Ahhh A sua tarifa só lhe permite 23kg. Ups! Conversa aqui, conversa ali, último no balcão do check in, vôo a atrasar-se por minha causa, a minha rede... ok, vou deixar passar! Não quero é que fique sem a sua rede! Espectáculo!
Sete horas e meia depois estava a aterrar no Aeroporto Internacional da Portela! Mais umas horas e estava a recolher o meu carro destas semanas. Mais umas horas e estava a jantar com o meu pai. Mais umas horas e estava a caminho de San Sebastian.
800 km depois de passar o Estádio do Glorioso (granda Benfas, hein?!?) uma placa anunciava num idioma completamente imperceptível a entrada numa das comunidades de Espanha. Travei! Fui obrigado a travar! Quem me conhece sabe que não sou muito de travar. os travões comigo duram mais do que o carro. O espada que o diga... Mas travei porquê? Não, não havia um acidente. Não, não estava um mata-velhos na faixa da esquerda. Não, não vinha nenhum velhinho em sentido contrário depois de ter entrado em Torres Novas. Não, não apareceu nenhuma manada de vacas trasmalhadas no meio da estrada. Não, não vi uma bela mulata com um peito escultural só para depois me aperceber que era um mulato (houve dias muito bizarros na terra do Forró!!!). Não. Não era nada disso. Tudo o que possam imaginar... não era! Era uma surpresa que me tinham reservado. A mim. Sim, a mim!E creio, só a mim! Em pleno Setembro. Acabadinho de chegar dos trópicos. De calcões e camisa de manga curta. Já começam a ver o que me fez travar, né? Não! Não estão a ver! Porque estão em Portugal! Onde isto não acontece aos dias de hoje!!!
Foi a minha mensagem de boas vindas. A mim, que me esqueci de casacos e impermeáveis em Lisboa. A mim, que a peça de roupa mais quente que trouxe foi um pijama de flanela que uso para limpar o monitor do portátil! A mim! Porquê a mim!??!?!?
Pois é... Era o País Basco a dizer-me na sua forma muito sua: Benvindo! Então porque travei?
Chovia...

With love from Euskadia,
Marco

domingo, 6 de setembro de 2009

Acordo!? Só se for de facto um acto de paz literária!

Preparem-se os leitores, utilizem-se os óculos de ver de perto, evitem-se posições ergonomicamente incorrectas; este post promete ser longo...
Sábado no Cumbuco. Quatro da manhã. A noite no Cumbuco acaba hoje mais cedo que o normal. Sem explicar o porquê, hoje foi uma noite diferente. Uma noite mais à minha imagem. Uma noite de copos e, a partir de certa hora, tertúlia. Tudo seria mais simples se tivesse levado o meu caderno. Tudo seria mais simples se não tivesse bebido o que bebi. Tudo seria mais simples se fosse uma noite como as outras. Mas não foi...
Sozinho, fui jantar ao Gaúcho... Sem exagero, a descrição que me tinham feito não peca por escassa: "A melhor carne que já comi!!" Seja feita homenagem ao homem e ao seu talho... Porra! A carne é mesmo boa!
Não é porém do Gaúcho que venho escrever...
O ano passado, em Lisboa, grande e querida amiga ofereceu-me convite para Seu Jorge. No camarote da TSF vi e vibrei. Não haja dúvidas... Sou fã! Prova seja a foto recordando o momento que, num estado não menos alterado que o de hoje, em Fortaleza, corri para ele pedindo a foto que a Mak fez o favor de tirar (... Mak... recordem por favor...). Gosto de Seu Jorge. Gosto de Ana Carolina (mas gosto mesmo...). Gosto de Martinho da Vila e de tantos clássicos da geração do Tom que encheram o mundo de músicas e ritmos inigualaveis. Ritmos brasileiros. Ritmos de samba, de choro e de tantos outros estilos que apenas deles são. A verdade é essa. Não há no mundo estilo como o brasileiro. Seja ele de música, de teatro, de cinema ou mesmo de vida. Eles são eles. Próprios e individuais. Ninguém no mundo põe isso em causa. o Brasil é o Brasil. Único e especial
De volta ao Coliseu de Lisboa esse meu admirado cantava as suas versões de David Bowie. Adoro. Sincero. Acho que gosto mais do que das versões originais... Entre uma e outra decidiu mudar. Se a memória não me falha decidiu cantar a Hagua, do Samba Esporte Fino. Antes de saber que música vinha aí, ouvi eu, e mais os outros todos, o discurso que tinha para nos fazer. Entre lugares comuns normais numa situação como a que era, decide defender os Índios. A mim pareceu-me bem. Coitados dos Índios... todos lhes dão porrada e não têm como se defender... Haja alguém que fale por eles... Mas de repente surgiou... E os portugueses "isto e aquilo"... Alto e pára o baile. Apupo geral no Coliseu. Seu jorge, de quem eu sou fã, Carioca, dizendo que os Portugueses foram um "mau negócio" para o Brasil... Bateu-me mas passou-me... Era para o choque, preferi acreditar... Agora em Fortaleza não tive nem tempo nem engenho para o questionar sobre o assunto... Enfim, dificilmente me iria surpreender ou mostrar a luz...
Hoje foi sábado. Vi o Brasil ganhar à Argentina pela cabeça do Luisão. Pelo menos no primeiro golo... Comi uma alcatra de vaca brasileira (cruzamento de limusine [será assim??] e buffalo africano), bebi cerveja e acabei a noite em dois bares. Um de um francês e um de um holandês. No final mesmo no do holandês. Sentado no balcão à espera de acabar a Antártica que tinha pedido foi com surpresa que recebi a pergunta "Paulista? Tem cara de Paulista!" Respondi com naturalidade... Português. E tu? Claudiana, brasileira, trabalha na Holanda e está no Cumbuco de férias. Falámos. Disto, daquilo, de Portugal, da Holanda e, claro, do Brasil. A classe política do Brasil e a inércia do povo em lhes dar um tiro nos cornos a todos... Sem excepção! Se estamos convencidos que os nossos são maus... é porque não sabemos o que se passa deste lado... Pergunta a um deputado federal: "Que acha do ministro da apicultura?" resposta: "Está a fazer um óptimo trabalho. Eu sou grande amigo, mas de momento não de lembro do nome dele..." Como me parece óbvio... MINISTRO D APICULTURA!?!??! Está tudo louco?!?! É claro que tal não existe. Poderão ter pensado: "Porra... Têm um ministro para as abelhas? Deve ser bom negócio..." e com todo o direito... Mas ninguém que vá ler isto é deputado federal no Brasil... Pois.. Não existe tal ministério, mas muitos deputados estavam convencidos que sim... (pausa para dormir... a ver se amanhã consigo cumprir...

To be continued....

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Caipiroska e uma cabana, porque não?

Alain. Francês com qualquer coisa entre 55 e 65 anos, Físico, ex-funcionário de uma central nuclear algures em França. Inventor. Um dia inventou um qualquer polímero (e esta, hein?) para fazer qualquer coisa numa qualquer parte de uma qualquer central nuclear. Não sei se vendeu ou se tentou. Não sei porquê, mas um dia fartou-se e de malas feitas disparou para o Brasil. Talvez de férias como tantos outros encontrou aqui aquilo que lhe parecia trazer a prometida felicidade. Fixou-se em Fortaleza. Abriu um restaurante. 13 anos depois vendeu o restaurante. Junto com seu filho abriu o Café Creme na praia do Cumbuco.
Personagem castiça tem um riso curioso. Uma mistura entre Mr Muttley com qualquer outro riso rítmico. Contagia. Bem disposto, sorridente, talvez tenha mesmo encontrado a tal Felicidade aqui mesmo, na praia do Cumbuco.
Eu sei o que é que encontrei. Uma Caipiroska na esplanada dele enquanto espero a hora de jantar e escrevo estas linhas. É o primeiro post Open Air! Mais, é o primeiro post a caneta. É o primeiro post que é transcrito para o Blog e não escrito. É o primeiro post escrito no Nordeste. É o primeiro post que escrevo enquanto bebo uma Caipiroska, no Cumbuco, na esplanada do Alain, neste dia 7 de Agosto! Brindo a isso! (Levantei o copo, gritei À minha! e bebi! palavra... Há neste momento uma série de pessoas a olharem para mim com estranheza... Aliás está ali uma gringa, como eu, loirinha e com tez morena, ares do Kite... que respondeu... ergueu o copo dela e bebeu... volto já...) Afinal é morena, chama-se Raimunda e vive no Cumbuco... Raios parta o Vodka!! Mas vá... Boa gente, esta que vive no Cumbuco! Adiante...
A esplanada do Alain, como tantas outras no Cumbuco, é mesmo sobre a praia. E que praia... Hoje, depois do jogo do Benfas (granda Benfas!!) contei algumas 50 asas (ou pipas) de Kite Surf nos céus!
Amanhã começo o meu cuso de Kite. É um risco que vou correr! Esses e tantos outros! Mas em Roma sê Romano e o Brasil é isso mesmo! Um país de riscos!
E há mesmo alguns, é certo, mas aqui no Cumbuco, o único risco que corro é mesmo tropeçar a caminho do "flat" e bater com a testa num côco! Sim, côco, sem piadinhas de acentuação, ok!?
tudo isto para dizer que com duas semanas de Cumbuco já compreendo o que o Alain, o Miguel, a Tina, o Hans ou tantos outros viram nesta terra que os fez ficar por cá.
Não existe amor e uma cabana. Nem para mim, nem para eles. Há oportunidades de negócio que encontram aqui, e lhes permite uma vida diferente da que levavam. Muito diferente. "Folgada" Aliás... A parte do amor, aqui, só se a trouxer de casa... Mas cabanas, essas, são muitas e simpáticas.
Pode não haver amor e uma cabana, mas aqui, no Cumbuco, Caipiroska e uma cabana assenta que nem uma luva!

With love from Cumbuco,
Marco

PS. Este post tem mais de 2 semanas de existência. Estava guardado na gaveta do escritório... mas duas semanas depois mantém-se intacto. Apenas duas diferença. A caipiroska faz-me azia, descobri o Mojito de morango (!!!) e o Kite não é um risco... É uma loucura!!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Se fosse mais perto ia lá mais vezes!

Uma vez fui ao Brasil... Não tem nada a ver... mas fui! E lá, só há autoestradas em São Paulo e no Rio. E ninguém percebe porquê. Resignados dizem... é o terceiro mundo, sabes!
Onze dias depois voltava ao calor da minha Lisboa.
De volta, estive duas semanas entre trabalho de escritório e a viver essa cidade que me encanta onde tudo está perto e tudo me vem parar às mãos. Sem esforço, sem tropelias. Apenas com algum trânsito, ou alguns minutos de metro.
Ao final da segunda semana recebi ordem de marcha e zás!
Para Málaga num pulinho, 700 kms de auto-estrada entre Portugal e Espanha e já lá estava. 500 deles em Espanha. 200 numa auto-estrada que liga Leon a Sevilla. Vazia como sempre. Isso é que eu gosto daquela estrada!
Quinta para voltar Sexta, para voltar Domingo!
Qual fugareiro, qual camionista, qual... qualquer profissional que passe mais tempo na estrada que a ver jogos do Glorioso (Granda Benfas!!).
Quinta passou, chegou Sexta. Decidi-me por um itinerário alternativo já que tinha tempo para reviver velhos passeios pelo país profundo. A pressa de chegar aos meus destinos e as velocidades que normalmente emprego nas minhas viagens impede-me de fazer as tão adoradas incursões em estradas onde posso encontrar as Velhas do outro ou sonhar as quintas de um dia...
Mas Sexta pude. Saí de Málaga às 1130 locais e às 1330 locais já passava pelo posto misto da não tão nova travessia do Guadiana em Castro Marim. Hummm.... Que fome! E se fosse almoçar à Vila Museu? Assim foi. Por um IC que eu nem sabia existir, o 27, lá cheguei até Alcoutim. Pelo caminho, aliás bastante rápido, uma serra algarvia onde não se vê vivalma. Aliás, um IC onde eu, Marco Rocha, ao volante de um Renaul Clio, me cruzei com um carro e ultrapassei um tractor. Deixou-me a pensar... para quê esta estrada tão boa? Para quê gastar tantos milhões de euros numa estrada que reduziu a distância entre Vila Real de Santo António, essa enorme metrópole, e Alcoutim, talvez pole... de metro não tem nada, em apenas uma hora. Será uma hora? Nem sei... Às tantas reduziu meia hora. Não acredito... terá sido mesmo uma hora. Que me diga quem conheça o que era a estrada antiga. Importa-me referir que Alcoutim foi, em tempos, um dos concelhos mais pobres da Europa. Não sei se ainda é, mas pelos quilómetros de absolutamente nada que vi, admito que sim...
Pois bem, não era esse o meu destino. Era Mértola, Vila que para mim, muito pessoalmente, tem encanto como nenhuma outra em Portugal. Bem vistas as coisas, todas têm o seu encanto, e é de cada uma, nenhuma copiou o encanto de outra, né? Ok, se o Cacém é vila esqueçam a questão de todas terem encanto! Quem diz Cacém, diz... Paio Pires, ou Fernão Ferro, ou tantas outras... agora isso não interessa nada, mas... Dá sondagem... Qual a vila menos encantadora dos arredores de Lisboa? Tinha porém um problema... a maioria são cidades! Até a Costa é cidade! Vale tudo! Enfim... Voltando a vilas com encantos...
Passando Alcoutim voltei ao verdadeiro Portugal profundo... A estrada estreitou 10 metros, passando a ter uma faixa de auto-estrada para circularem dois sentidos, um piso típico que se torna quase liso por tantos remendos que já tem, curvas e contra-curvas onde um daqueles LASO (Camiões de transporte de pás de aerogeradores) ficava encravado e claro, bermas fabulosas para... quais bermas? O calor forte apertava, a fome também e Mértola que é bom, tá quieto!
Eis que de repente lá estava! O Convento de São Francisco com a sua espécie de museu da água e galeria de arte. Estava a chegar!
Gosto mesmo daquela terra! Da ribeira de Odivelas, ao Guadiana, à torre da Cegonha, ao Castelo, aos vários edifícios públicos, ao museu da câmara e, claro, às minas de São Domingos. Mas não era dia para nada disso. Era dia para comer, apreciar aquele ar quente, silencioso, com aroma a esteva e rosmaninho (Ena pá! Rosmaninho? Não faço ideia... não deve ser... mas que cheira bem, cheira!), ouvir o silêncio e simplesmente estar. Estar enquanto comia bem. Estar enquanto apreciava. Estar enquanto pensava no que veio, vai, ou foi. Estar. É o tipo de ar que nos deixa a simplesmente estar. Até porque se me mexer por pouco que seja desidrato!
E assim foi. Recomendação do Chefe de serviço (De outra vila sem qualquer encanto... Desculpa Manuel, mas é verdade!) lá fui em busca do Brasileiro. Noutras ocasiões já tinha pensado nisso, mas o facto de um restaurante de cozinha regional Alentejana se chamar "O Brasileiro" despertava-me algumas reticências... Encontrei. Entrei na esplanada e vi a lista. Porra! Odeio quando isto me acontece! "Desculpe, não me podia servir um pouco de cada?" Devia ter perguntado... A indecisão que me inunda perante listas com tantas coisas boas é terrivel. Odeio. Acabei por me decidir por uma Açorda de Perdiz brava. Resultado? Eu, esplanada, 40 graus, duas médias fresquinhas e a melhor açorda de perdiz que já comi. A melhor seria fácil, visto que foi a primeira, mas porra! Estava mesmo boa! Sobremesa... "Tem fruta?" "Sim, laranjas e maçãs." "Melão, não tem?" "Tínhamos, sim, mas deixámos de ter... Sabe o que é? Fizémos um contracto com um senhor da Amareleja..." Calha bem, pensei... terra do Melão! "... acontece que os melões saiam de lá pela manhã e quando aqui chegavam à tardinha já estavam estragados! Desistimos!" "Mas como estragados?" "É da viagem... é longa e cheia de solavancos. A fruta não aguenta!" Comi uma laranja. Óptima. Seguramente do Algarve, aproveitando o tal 27 e mais uns 20Kms de solavancos... A laranja aguenta mais, né?
Pois bem... tudo isto para quê?
Adoro que me digam que as estradas novas e as auto-estradas são um disparate. Adoro que me digam que a A6 é uma parvoíce. Adoro ver gentinha tacanha de Lisboa que por terem nascido em berço dourado acham que podem sobre os destinos de quem teve a sorte de nascer longe da confusão. Sorte para eles, claro. Eu adoro a confusão. Mas também adoro o meu país. Todos os seus recantos à excepção das tais vilas e cidades sem encanto. Para essas, o meu Não adoro.
Mas acima de tudo adoro a gente deste país. A gente que dá a palavra aos mais idiotas que, estando convencidos que são inteligentes e mais espertos que os outros todos, só conseguem sacar gargalhadas de quem sabe o que o país é e como está.
Adoro comboios. Acho que esse é o caminho. Rápidos e lentos. Todos têm o seu espaço. Estradas estreitas e largas, boas e más. Mas tudo com conta, peso e medida. Se hoje eu demoro uma hora e pouco a chegar a Évora, é porque alguém investiu. Nós.
Os meses que levo em Espanha, e os kms que já por lá fiz, deixam-me a pensar na quantidade de barbaridades que se dizem neste país. Poderia dissecar uma a uma, mas o texto já vai longo e não quero maçar ninguém com o tema das Obras Públicas.
Em suma espero que tenham percebido o que quero passar aqui... Caso contrário uma dica...
Se O Exmo. Sr. Miguel Sousa Tavares tivesse chegado à fala com o Marquês, e se o tivesse convencido, hoje não passaria uma mota na baixa pombalina, quanto mais autocarros da Carris! Isto claro, se ele não lhe tivesse logo cortado a cabeça! Ah granda Marquês! (ironia nesta parte...)
Dê-se razão ao ministro. É um deserto. Por falta de água, por falta de gente, por falta de muita coisa. Mas estes Tuaregues merece ser tratados como o Miguel. Com metro, estradas, comida fresca, e vá... fibra óptica!
Para não ser só dizer mal, cá vai mais um dizer bem. Vejam lá se não é mesmo gira!

With love from "uma vila museu desterrada no deserto do Miguel"
Marco

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fotos de Santos

Curto e grosso...
Aqui vão meia dúzia de fotos!
Vou tentar comentar...
São poucas, mas de boa vontade.

Dizem os taxistas e até poderá ser verdade... É o maior jardim do mundo! Hummm, cá para mim não sei, mas lá comprido ele é... 8 kms, ou lá o que é! Entre a marginal e a praia, de uma ponta à outra de Santos, há este belo e bem tratado jardim!
América do Sul. Cheiro a álcool queimado é constante. Os carros andam a álcool, tás a ver? O meu hotel está ali ao fundo, o Carina flat Hotel. Gosto particularmente dos quiosques que vendem pasteis de tudo e mais alguma coisa!
O Torto. Este é mesmo torto. Não, não é ilusão da foto, paralaxe ou qualquer outro truque. O monstro de 20 (?) andares está mesmo muito torto! Porquê? Simples. O terreno é pior que mau. As fundações antigas? Sapatas. Más sapatas. Bom... más não será bem o caso, mas na verdade com argilas e areias como tenho visto aqui, fazer fundações de edifícios destes por sapatas são tiros nos pés uns atrás dos outros. Diz o levantamento dos edifícios de Santos que são 150 prédios tortos! Porra, Pizza é para meninos!
Mais América do Sul. Mais álcool. Lanchonetes. Calçada quase portuguesa. Cor. Gente porreira. MPB. Samba. Não sei bem o que é, mas seja o que fôr é sambado!
Vila rica de Santos. Boas casas. Apartamentos de 3 milhões de Reais (1 milhão de euros). Muito verde e ruas limpinhas. Outra América do Sul!
Mais Vila rica. As árvores tropicais são nativas, né?! Muito verde. Gosto!
Carreto. Já vi dois Ferrari e... bem, nem sei... muitos mas mesmo muitos destes! O IPO que não chegue ao Brasil!!!
Mais cidade de Santos. mais canteiros verdes. Mais cheiro a cachaça. Mais calçada portuguesa.
Ilha de Urubuqueçaba. Onde é que estes gajos arranjam estes nomes?!?! Uma ilha com look completamente tropical mesmo em frente a Santos. Dezenas de abutres (Urubus?) fazem aqui a sua residência.
Santos! Água do mar imprópria. Só os surfistas e meia dúzia de corajosos arriscam mergulhar nestas águas. Nunca fiando, vejo os outros mas não tento...
Primeira linha de praia de Santos. Nunca vi tanta gente na praia a fazer coisas que não praia! Jogam o que for, menos Basket... Bebem de tudo. Comem de tudo. Passam horas a andar de um lado para o outro. Ou a correr. Têm muita praia e dão-lhe uso! Parado na praia, sentado, ou a andar, são frequentes os carros da polícia a patrulhar a areia. Não vi um único local a mandar lixo para a areia. Boa malha!
Foi aqui que ele nasceu no Brasil. Fizeram homenagem!
A VW Combi e o Fiat Uno ainda se fabricam! Mais américa do Sul!
Não me digam que não vêem que o gajo está torto comó raio!!! Nos primeiros dias não olhava para outra coisa. Passava na marginal sempre com a cabeça virada para cima a ver os prédios... Impressiona!
Boa malha de fim do dia! Tenho pena de uma coisa... Não acho graça nenhuma à água de coco!!!! Raios!
A entrada para o Porto de Santos. O maior da América Latina. Porque é que a água do mar é imprópria para banhos? Isso....
Praia com coqueiros... Água de coco mesmo aqui e eu... não gosto! Grrrr...
Bonito jardim. Dá mesmo boa pinta à cidade!

Então e tu? Não apareces? Pois... fui eu quem as tirou... Desvantagem de passear sozinho num país onde me estão sempre a lembrar que assalto é coisa frequente! Eu ainda não vi nada! Nem sei do que estão falando!
E pronto... por hoje são estas! Nestes dias confesso não ter passeado muito mais que isto... Sabem o que é? Até tenho trabalhado...
Mas espero poder mostrar mais em breve. De Santos e não só. Porque acreditem. Não estou no Brasil do Turista ou do Gringo, e deste, deste Brasil de cor, música, e vá... de alguma classe média, eu até estou a gostar!

With love from Carina Flat Hotel,
Marco

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cheirinho a Santos!

Saído da obra, passeio com os colegas até à lanchonete para umas Original e uns pasteis (bons pasteis e melhores originais, hein!?). Por onde fomos? Beleza... Pela praia mesmo!
Santos é conhecida pelo seu clube (Leo, Leo, Leo) e claro, pela enorme quantidade de prédios completamente tortos. Há um, inclusivé, a que chamam Torto. Espectáculo!
Este não é o Torto, mas direito é que ele não está! (No conjunto dos três ao centro, é o da direita... Ao vivo nota-se bem melhor!!)
É só um cheirinho...


With love from Canal 3,
Marco

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Airborn!!

Terça-feira, 16 de Junho da graça de 2009.
O relógio marca as 0600. Hummm... acho que estou a ficar atrasado! Liguei para a rádio taxis, peço um taxi para a Mariano Pina e... música! Da boa, daquela que foi satirizada pelos gatos há já algum tempo. Um belíssimo midi reproduzindo um qualquer clássico da música encheu-me os ouvidos por perto de quinze minutos. Pois! Quinze minutos! Esperei, esperei, esperei e, finalmente, lá me disseram "trezentos e oitenta e três".
Despedi-me do paizinho e desci. Já lá estava. Um belo Mercedes com as molas dos bancos estragadas.
Chegado ao Terminal 2 fumei... check-in... fumei... fumei... encontrei três pessoas conhecidas! Uma delas, ou melhor, um deles, colega de secretária do 12º ano! Ele há cada uma nos aeroportos!!!
Mais quatro cigarros, uma carta nos correios, um telefonema com a mana e beijinhos à familia e lá fui eu!
Calma... lá fui eu para o Porto. Eu e mais uma quantidade de gente que lotava a ponte aérea...
Chegado ao Porto a vozinha metálica informava "os passageiros em ligação devem-se dirigir ao pessoal em terra.". Foi o que tentei fazer, mas... qual pessoal em terra!? No terminal de chegada do Sá Carneiro nem uma pessoa à vista! Procurei, hesitei, desisti! Saí do terminal e aí sim, perguntei. "Só tinha de subir as escadas ou o elevador!" Olha, merda! Aproveitei e mais um cigarro!
Subi pelo elevador e lá fui de novo para o ponto de control. Tive de mostrar tudo de novo: bilhete, computador, cabos, cinto, cadeados, e tudo e tudo e tudo... mesmo depois de eu insistir... "Vim agora da Portela e não me pediram para mostrar isto tudo!"... só consegui um "Pois, mas são normas europeias, em todos os aeroportos deveria ser igual!". Raios! Os srs da Portela são bem mais simpáticos! Embarquei!
Sem choros de Alfas de outros tempos, sem gente barulhenta, com pessoal de bordo impecavelmente simpático, dois filmes positivos, um almoço tranquilo, um lanche interessante e, claro, uma posição desesperantemente desconfortável. Sim! Desconfortável. Desta vez não pelas pernas, essas iam perfeitamente esticadas, mas pelo tipo do lado que, tendo-se sentado antes de mim, tomou completamente conta do apoio de braço central e não mais o soltou! Estúpido!!!
Quase dez horas depois a altitude baixava para os 400m e o monitor apagava-se. A vista pela janela não era Lisboa... Quilómetros de cidade, grande parte pobre, barracas, umas coladas às outras, milhões de pessoas viviam ali. Pfff, pensei... Isto assusta!
Quinze minutos depois, um aplauso colectivo. Eu não! Não aplaudo estas merdas. Se a estaca que eu fizer tiver 0% de areia ninguém aplaude! É o meu trabalho!
Malão recolhido, café bebido, água bebida, cigarro fumado.
Porta do Aeroporto Governador André Franco Montoro, Guarulhos, tudo é diferente. Tudo é bem diferente. As árvores, os carros, as gentes, o ar, a cor, o dia, o céu, a forma como a água gira. Tudo é mesmo diferente.
É o Brasil. É a América Latina!

With love from Guarulhos,
Marco