Numa qualquer rua da soalheira Soajo o telefone toca. O meu Pai. Lembro-me que era comprida e que tinha um peso aceitável. 55cm? Seria? Lembro-me da sensação, não me lembro dos dados. Tudo estava bem. Tudo tinha corrido bem. Trabalho de algumas horas tinha levado ao aparecimento dela. Estava longe. Na outra ponta do país. Mas senti o que só nestes momentos se sente. A alegria que justifica a palavra família. A alegria que se sente quando se é Tio pela primeira vez.
O avô, babado. A mãe sonolenta. O pai estremunhado.
A petiz... brilhante. Brilhante como só se pode ser quando se vem da luz. Será por isso? Não sei, mas podia ser.
Por ser homem, são todos iguais. Velho conceito estabelecido por entre todos os que olham para os dos outros. São todos iguais. Verdade ou não, ela era diferente. Longe das crianças enrugadas e excessivamente vermelhas. Longe do choro e da debilidade de alguns. Não. Era forte, saudável e com o correctamente apelidado, pele de bebé!
Na semana seguinte visitei. Bruto, não sabia o que fazer, dizer, nem mesmo esperar. Repetitivamente incentivado pela mãe, peguei. Momento. Alegria. A alegria que justifica a palavra família. Tentando a ternura, mas com vícios de quem não a sabe expor, falhei no aconchego e devolvi à mãe.
Chorou. E que goela. Impressionante como uma amostra de gente consegue vocalizar muito mais ruido que o Olavo Bilac... Impressionante.
Passados quase dois anos partilhei experiências um reduzido número de vezes. Fruto de uma distância física dificil de transpôr.
Por razões que, classicamente, a razão desconhece, o Tio, aquele bruto, o que não faz miminhos em exagero nem entra nas clássicas brincadeiras com uma criança de 1 ano caiu no goto da garota. Chama por ele, fala com ele ao telefone (Xau Tio!) e sempre que o vê, num misto de vergonha com alegria, corre ao abraço das pernas.
Apesar da distância dificil de transpôr, há laço. Há familia.
Muito já escrevi sobre coisas mundanas e até extra-mundanas. Mas chegado foi o momento de vos falar da minha luz. Minha e claro de todo um núcleo familiar babado e rendido aos encantos da pequena Constância. Constante na alegria e na energia para a brincadeira capaz de deixar qualquer um pelo chão... Assim é a minha sobrinha!
Em tempos, pelo Natal, encontrou no meu colo uma fonte inesgotável de sono e comforto. Assumi essa posição e cedo dormiamos os dois ferrados num conjunto ternurento, familiar. Adorei.
No passado fim de semana a sua mãe cumpriu aniversário. A família acorreu aos festejos e claro, à visita da pequenita.
Como não podia deixar de ser, surpreendeu. Alegre, excitada e imparável, brincava com as amigas em completo extase!
Almoçámos, brinquei, brincámos e, ao final do dia, fruto de um dia imparável, descansou.
Assim é a minha sobrinha. Não sei como são as dos outros, mas esta é a minha e desta eu gosto muito!


With love from Oncle's land,
Marco
2 comentários:
As crianças desfazem todas as nossas armaduras!!
:)
É bom ser frágil de vez em quando e aprende a amar de uma outra forma...
Beijinhos, "saudades" tuas.
**m*
... babadinho... e a filha é minha! se fosse tua, não sei como seria!! fico feliz por te sentires assim, ela também gosta muito de ti! "tiuu"!!
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