segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O luto do punhal...

Em tempos idos comprei um carro. Um renault 19 que fazia inveja a muitos... Cinzento metalizado com linhas modernas, aerodinâmica quase espacial, e um motor que nunca parava. Mesmo depois de 50 000 Km sem trocar de óleo. Mesmo depois de 6 anos de minha propriedade. O carro não parava. Excepção feita a uma ou duas ocasiões em que, por problemas eléctricos, teve de ser passageiro de um primo do Tom Mate... As características do dito automóvel eram de tal forma impressionantes que foi orgulhosamente apelidado de Espada!
Anos volvidos e o seu proprietário embrenhou-se numa aventura laboral que implicaria a realização de demasiados km para um velhinho e talvez um pouco maltratado Espada. A decisão complicada surgiu. A necessidade de adquirir um substituto nasceu. O estacionamento definitivo do Espada parecia quase certo. Enfim... Vai andando longe das épicas jornadas que em dias o levaram às luzes da ribalta das revistas de todo-o-terreno ou mesmo do jornal interno da Renault. Mas para os efeitos da minha relação com ele, está estacionado.
Várias hipóteses de substituição, dois meses com carros alugados (recomendo a todos a aquisição do Mercedes Classe A, dentro do seu segmento, uma rainha sem contestação!), e vai de completar o que seria um óptimo negócio. Um carro fiável, resistente, duro, duradouro e claro, gastadeiro. Assim se descrevia o automóvel que viria a ser o substituto do Espada nas minhas épicas jornadas automobilísticas. Comprei então um Opel Astra 1.4i. A descrição é forte. Bom motor, franca cavalagem, e uma capacidade de viajar a 160 km horários claramente superior à do Fiat Panda! Mas mesmo. Bom carro!
Por ser mais curto, prontamente o apelidei de Punhal, alcunha a que ele respondeu afirmativamente com três gazadas involuntárias!
Estávamos então no festivo mês de Dezembro e eu estacionado entre Málaga e Bilbao. Não visitou nuestros hermanos em 2008. De passagem de ano em Segura a viagem foi o seu primeiro teste. Passeios quase de TT e, claro, uma viagem de Queijas a Segura em pouco mais de 2 horas conferiam-lhe o seu primeiro rubi no cabo, e, naturalmente, a sua primeira condecoração. Estava contente com a minha compra.
2009 chegou e com ele a minha programada deslocação a Málaga. Viagem calma, com alguns excessos, mas sem incidentes. As valentes sapatas que calça davam-lhe uma estabilidade confiante e o seu poder de disparo garantia subidas e descidas ao mesmo ritmo. Mantinha-me bem impressionado.
Voltando a Lisboa a primeira falha... Uma vela a falhar levava o seu motor a coxear de uma pata e a trabalhar só com as três restantes. Lá chegou a Lisboa. Lá recebeu um conjunto de velas qual criança de quatro anos e, com alegria, voltava a Espanha. Desta feita para terras da Romã.
Viagem de volta mais uma vez e, espante-se, de novo coxo de uma pata. Simplificando o complidado, foi arranjado e voltou à estrada. Maleita? Válvulas queimadas, junta queimada, cabos de velas velhos e mais uma ou outra coisa. Resultado? Mais do que vale o Espada!
Reparado e inpesccionado de fresco voltou para Espanha. A caminho das romãs pela rota da prata algures num km 747 de uma auto-via, dava-se o estrondo. Pum, pum, catrapum! Ouvi e senti debaixo do carro um verdadeiro carnaval de pólvora! Olhei para fora e, surpreso, vi que o nascer do dia se tinha mudado para a parte inferior do Punhalito. "Ai que esta cena se incendeia!!" Motor prontamente desligado seguiu até ao seu descanso. Outro primo do Tom Mate apareceu, um Taxi surgiu, e a separação proporcionou-se. Punhal de volta para Portugal. Eu, seguindo o meu rumo numa longa viagem de 250km de taxi. Dormi. Relaxei. Pensei.
O que é que eu faço a este carro!? Não sei.
O que é que eu fiz para merecer isto!? A esta sei a resposta!
Nem sempre a razão se deve sobrepôr ao coração e, no meu coração não há dúvidas, o meu Espada não me faria isto...
Mas pronto, deixo-vos uma boa imagem, de um bom momento, do que foi um bom carro!


With love from Sta. Olalla (km 747 da A-66)
Marco

3 comentários:

Marco Rocha disse...

Não quero deixar de agradecer a quem, na melhor das intenções, facilitou e tudo fez, para me ajudar a encontrar um carro e, depois de encontrado, a mantê-lo na estrada.
Obrigado Bruno!
A culpa não é tua. O carro é que é uma merda!!!
Abracinhos!

filipe disse...

eh....
xarutos....

Bruno disse...

LOOOOLOLOOL ;D

xarutos mmo, o carro e o dono... ;p