Às vezes no silêncio da noite...
...TRABALHA-SE!
É isto que se tem passado no silêncio da noite. Isto e claro, sonhar acordado... a dormir não posso estar! Com isto com aquilo, sonhado com as coisas boas e a possibilidade de se tornarem más...
Queixas de horários e outras à parte, gosto de estar numa obra de noite. Estranho, eu sei, mas há qualquer coisa na luz dos holofotes e no silêncio de uma obra que me encanta.
Em outras ocasiões já me tinha acontecido, mas aqui, no Aeroporto de Málaga há qualquer coisa.
Durante o dia a azáfama é grande. Gente a correr, máquinas a trabalhar, camiões a passar, ferros a cair, ruído por toda a parte. É um mundo frenéticamente contagiante. Mesmo o mais calmo acaba por sucumbir à acção e a ter pressas desnecessárias. Tudo tem de ser resolvido naquele instante. Meia hora de espera é uma eternidade na produção e uma impossibilidade para qualquer um. Excepto, claro, para um determinado consultor cuja calma e aparente péssima condição física impedem de correrias!
Mesmo assim há dias... Há dias de calma e dia de euforia. Ontem foi um deles. Na obra fui Engenheiro, encarregado, fiscal e até servente. Engenheiro sou sempre, é condição. Encarregado da perfuração por impossibilidade do verdadeiro. Fiscal da segurança, ambiente e qualidade porque não quero cá reboliços! E servente por solidariedade. Um homem é um homem. Não se pode ver um homem aflito e não dar a mão. Ontem corri. Bem, não foi bem correr, mais um andar apressado. Ontem assobiei, gritei e sinalizei. Falei com todos. Do Engenheiro director de obra, ao servente que limpa a obra. Porquê? Porque meia hora é uma eternidade e há que resolver tudo em menos de um minuto. Possível? Nem pensar. Mas ainda assim as tentativas repetem-se todos acreditam que sim. Azáfama! Não sei de onde vem a expressão, mas de certeza que foi criada para uma obra de fundações!
Acabou o turno. Jantei. Acalmei. Respirei.
Às 00:00 voltei. Outro turno. Normalmente durante o dia, aquele troço de obra onde estou comporta cerca de 100 trabalhadores. Entre todas as categorias. À noite são... 5. Um operador, um servente, um fiscal, um encarregado da segurança e um consultor.
Que silêncio. A máquina faz algum barulho, é certo. Mas com tudo o resto desligado, focos de luz dirigidos e sem ninguém a gritar, não sei onde estou. Mas numa obra não deve ser. Fiquei fã.
Calma. Tudo se faz com calma. Não há pressas. Não há ninguém para apressar. Não há ninguém a quem entregar isto ou aquilo agora mesmo. Não há.
Os focos dão a luz necessária. Ali, na estaca, parecia dia. Ao lado, dois metros ao lado, era de noite. Atravessar estradas sem pensar que vou levar com um dumper. Dobrar uma esquina sem medo de uma Pá!
Não há luz. Não há ruido. Não há pressa. Faz-se o que se tem que fazer, quando se tem que fazer, como se tem que fazer.
Todas as obras deviam ser de noite. Assim, sim. Avançavamos!
With love from Málaga,
Marco
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2 comentários:
pode até ser, mas o Valete, o mesmo da música do paulo bento, previne-nos sobre a noite:
Andam na rua sem fazer barulho, à noite
Vampiros e canibais mano so andam, à noite
Gente equilibrada desiquilibra-se, à noite
À noite, à noite, à noite
É so pra machos, à noite
Gatilhos da policia acordam sempre, à noite
Ladrões, killers e dealers man são filhos da noite
É melhor trazeres colete à prova de chumbo, à noite
À noite, à noite, à noite
Vida fodida, à noite
que lol props nigga
filipe
Olá Marco. Muito bom o teu blog, excelente para um sábado de ressaca, que é o caso hoje, ou para uma pausa merecida (muitas vezes não é!) daquele árduo trabalho que é escrever a tese.
Aquele Abraço.
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