segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Feijão verde, pimentos e creme de bacalhau. Hoje foi assim.

Hora de comer.
Para nós, almoço, para eles, comer...
Não há buzina como nas fábricas ou toque como nas escolas. Há sim, um movimento relativamente conjunto de homens dirigindo-se ao portão da obra. Uns de vermelho, malta da RODIO, outros de azul, malta da KRONSA e três gatos pingados, de amarelo. A malta da GEO! A malta fixe da obra!
Para comer há três hipóteses. O Albatross, o Rioja e o Artea.
O Albatross, mais caro e mais perto da obra é genericamente ponto de almoço para o encarregado principal, o chefe da obra e alguns gatos da RODIO que, talvez por preguiça, não arriscam os outros.
O Rioja. O mais barato, mais quente, com mais mesas e onde a comida é mais para brutos. Não fosse aquele clássico de passar a tarde a cheirar a comida, certamente lá comeria todos os dias. É lá que vão almoçar quase todos os que, não trazendo merenda de casa, querem comer mais barato. O menú tem o imcrível preço de 8,5€, barato, não? Pois... também não creio...
Artea. Quando cheguei era lá que ia quase sempre. Na primeira semana, ou por aí... A comida, sofrível... O preço, 9€ e uma personagem de camarero que não me deixa (nem a mim nem a ninguém...) comer em paz, faz do espaço algo pouco apetecido.
Genericamente perto das 13 soa o gongo do almoço. Um pouco antes, algo depois, depende da faina. A fome, essa, está cá sempre.
O comer. Comer, almoço em espanhol (castellano para estes chicos de cá...), é normalmente constituido por um menú. O menú, em Barrakaldo, inclui um 1º prato, um 2º prato e uma sobremesa. O café é luxo das tabernas de Bilbao e aqui não consta do menú. Por outro lado oferecem-me todo o vinho, água e gasosa que consiga beber. É uma troca como outra qualquer...
Como disse, por hábito frequento o Rioja. Porquê? Simples. Mais do que o preço ou a quantidade de comida, presenteiam-me com algo que aqui, para mim, vale ouro. Salada.
A ver o que se come.
Primeiro prato. Para encher. Por definição algo que te forre o estômago e que tire a fome. Sem grandes preocupações gourmet. Pode ser umas batatas cozidas num caldo com alguns enchidos, uma sopa de peixe quase instantânea, um prato de esparguete à bolonhesa a transbordar de esparguete, um prato de um pseudo-feijoada com enchidos, paella, feijão verde com presunto ou até mesmo uns simples revueltos (ovos mexidos) con setas (cogumelos). Como podem ver, nada com muita verdura...
Segundo prato. Para degustar. Uma costeleta de novilho, uma mão de vaca, umas costeletas de porco, um piano, dobrada, orelha de porco, peixe panado, peixe panado, peixe panado (qualquer que seja o peixe sabe sempre a peixe panado...) ou ainda algo como carne estufada ou um bife de ternera (vitela) muito fininho. Quaquer destes pratos sempre com umas 15 batatinhas fritas de guarnição... A salada ganha aqui um importância fulcral, não?
Sobremesa. Invariavelmente 5 ou 6 itens que, de tão sintéticos que são, sabem todos ao mesmo, fruta e, as delícias locais, coajada con miel (tipo o coalho do leite antes do queijo, parecido com travia...) e queso con membrillo (queijo fresco com marmelada, bom...).
Posta esta descrição compreendem certamente a importância dada à salada... e mais, salada temperada por mim, ou seja... a única coisa do almoço que não está salgada!
Adiante. Chegados ao Rioja, o camarero da barra (empregado de balcão) grita para as miudas que servem. Los chavales portugueses (sem tradução necessária). Uma das garotas senta-nos e lá está ele... gosto de ficar sempre de frente para uma das duas televisões do estabelecimento, a que está mais perto do comedor. Mas quem? Quem é diariamente a minha companhia de almoço? Qual SIC dos primeiros anos do sec. XXI. Aqui, a ETB2 conseguiu os direitos inexgotáveis desse grande periódico que é o WALKER, O Ranger do Texas. Mais, este periodico, aqui, é como tudo, dobrado! Imagine-se o Ranger Trivette e o Ranger Walker a rebentar o focinho de um qualquer vilão que, quando abre a boca, diz uns palavreados espanhois em total desalinho com os movimentos da boca. Porra! Eu também lhe batia assim, o gajo merece a carga de porrada que lhe estão a dar. Seguro!
Vem a postres. O café. O cigarro. Pago. Está na hora. Volto para a obra.
Amanhã à mesma hora o Walker lá me espera.

A ver se amanhã há mais.
With love from Bilbo,
Marco

2 comentários:

filipe disse...

o trivette também é ranger? pensava que ele era só um daqueles deputy o lá o que é...

Ora fazendo um paralelismo com a psp, seria algo do género:

o Walker como superintendente, quase o máximo e já vão perceber porque...

o Trivette seria mais ou menos um subcomissário, vá um comissário, se bem que, como polícia da esquadra do seixal a fazer patrulhamento na arrentela, também não me parecia mal...

no topo está a Alex Cahill, que embora interpretando o papel de uma simples Assistant District Attorney, mais parece uma superintendente-chefe, já que o Walker faz tudo o que ela quer.

mas ao mesmo que inveja almoçar e puder desfrutar ao mesmo das fantásticas aventuras policiais de Walker o Ranger do Texas, ou sei lá:

Andante, el guardia de lo texas
ahahahahahahahah

abraços
filipe

filipe disse...

*mas ao mesmo tempo que inveja

isto para fazer edições ter enviado o comentário?

que me responder ainda ganha um docinho