Sugiro que se preparem para aquilo que vai acontecer. Sugiro que apertem os cintos, pousem os óculos, aliviem as gravatas e apertem os sapatos. Aquilo que vos apresento hoje é o making of de um filme de terror!
Como qualquer making of, não será muito assustador mas, ainda assim, convém reforçar a ideia que pessoas mais susceptíveis de entrar em colapso por medo não devem ler este texto.
O filme.
Como qualquer making of, não será muito assustador mas, ainda assim, convém reforçar a ideia que pessoas mais susceptíveis de entrar em colapso por medo não devem ler este texto.
O filme.
Supõe-se que com os actores correctos e uma quantidade suficiente de câmaras sub-aquáticas seria possível mesmo fazer dele um verdadeiro e horripilante filme de terror. Câmaras sub-aquáticas? Perguntará certamente o leitor mais atento o porquê desta exigência de produção. A razão não se prende com uma qualquer excentricidade de argumentista ou de artista. Não se pedem dez cavalos brancos ou uma qualquer quantidade de contraceptivos. Não. Pede-se, isso sim, a possibilidade de execução do filme. Se não vejamos. E até poderá aqui começar o terror...
Recuemos um pouco no calendário... (é uma analepse... pontos certos...)
Recuemos um pouco no calendário... (é uma analepse... pontos certos...)
Dia vinte e dois de Outubro do ano de 2008, são cerca de nove horas da noite em Bilbao, e, por inerência, em Zorrotza. Seguindo criteriosamente as instruções de uma tal de Catarina, o herói da película cruza a Calle Fray Juan em busca do cruzamento com a Calle Hermógenes Rojo. “À frente vire à esquerda. Depois chegou ao seu destino. Chegou ao seu destino.” A frase parecia música para os seus ouvidos. Depois de alguns poucos quilómetros desde Madrid, finalmente chegava à tão desejada Pensión Don Cláudio. Para mais, que quilómetros. Os últimos 150 numa autoestrada que de autoestrada tinha as três faixas e as portagens. Bom, o que não teria então de autoestrada? AS CURVAS! Pois é, e que curvas... Não de uma qualquer venezuelana ou boliviana, não... curvas daquelas que só a mais espectacular portuguesa de Ovar pode apresentar. Pois, dessas mesmo. Mas como se as curvas não fossem um problema por si, o Senhor que manda aqui na Euskadia tinha ainda que ter mandado vir a chuva. Portanto imagine-se. Quilómetros em curvas, chuvendo e ainda com a constante companhia dos “Quitanieves”. “Quitanieves”. São simpáticos e tudo. Giros, modernos e algo que não se vê com frequência em Portugal. Mas têm um contra considerável durante a noite. Bem, durante a noite... Durante a noite e na estrada, porque se estiverem sossegadinhos numa garagem não chateiam nada. Mas à noite e na estrada... São como uma árvore de Natal. E saberão os leitores condutores que aquilo que mais irrita numa estrada à noite é o excesso de luz. Isso e polícias disfarçados de ursos polares a controlarem a velocidade. Mas isso dos ursos diz que é mais frequente perto de Almeirim. Na Euskadia andam disfarçados de Ursos pardos e até que não se vêem muitos... Enfim... uma daquelas viagens. Mas dada por concluida, encontrava-se o heroi na muy luxuosa Pensión que o seu carinhoso colega Sebastian havia reservado. Quarto duplo, bom wc, aquecimento central, tv espanhola(uuhhh) e wi-fi. Tudo o que um homem pode precisar numa pensão. Dormiu. Dia seguinte desperto pela fresquinha e arrancou para a obra. Chegado ao portão de uma considerável senhora obra, o tal do espanhol vai ao seu encontro... (segue-se um diálogo em Castellano que, por ainda não ter acabado de ler o “Espanhol em 30 dias”, não posso reproduzir aqui... o dia chegará...) Ahh e tal, coiso. Coiso? Então ok. Bléu, bléu, bléu, pardais ao ninho e tal... Botas de água. Botas de água? Oh raios... O herói havia esquecido tão importante detalhe em Lisboa. Só tinha as suas botas espectaculares de nível S3 para excelente protecção individual de cada um dos seus pés... Ah e tal e coiso, aqui há muita lama, bléu, bléu, é que chove muito! PAROU! Chove muito? Mas muito quanto? Tipo... Um dia por semana? Duas horas por dia? Quantifique-se “Chove muito”. Chove muito, aqui, onde dia 22 às 21 horas parou um Mercedes, é chover todos os dias. Por vezes sem parar uma hora. Mas genericamente chovendo sem piedade pela manhã e em regime de aguaceiros pela tarde. Isso, para qualquer nacional português, não era chover muito. Era “chover comó cara...”. E assim é.
Pretende-se que por esta altura o leitor se tenha já apercebido da utilidade das câmaras sub-aquáticas. Caso contrário eu explico. Aqui, onde eu estou, e onde se desenrola a trama proposta chove que não há fim para a água. Não há dia que São Pedro não abra a torneira. Se tiver um impermeável na rua, nunca chega a secar. É assim que chove em Barrakaldo. E, claro, na presença de tanta água como se pode filmar? Como? A minha inexperiência cinematográfica diz-me que, claramente, só com uma daquelas câmaras que os senhores dos tubarões usam. Sem grades, claro. Simplesmente resistente a tanta água. Vá... uma grade ou duas para proteger de um ou outro espanholito mais nervoso não seria disparate, mas isso são uvas de outra parra (e esta, hein?).
Bem, quanto ao actores, parece-me simples... um Richard Geere mais novo, ou um Brad Pitt desempenhará na perfeição o papel do nosso herói lusitano!
Brad! Traz a chica que eu explico-lhe o enredo, hehe!
With love from Barrakaldo,
Marco
With love from Barrakaldo,
Marco
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